José Ferreira terá ajuda da polícia |
A polícia deve acompanhar hoje o caseiro José Marcos Ferreira até a Fazenda São Francisco, em Ponta Grossa, ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no último sábado. A fazenda pertence ao tenente-coronel Valdir Copetti Neves, que está sendo processado por liderar milícias armadas que atuavam na região de Ponta Grossa contra o MST.
Integrantes do movimento colocaram todos os pertences de Ferreira em frente ao portão principal da fazenda. No entanto, Ferreira contesta e quer ajuda dos policiais para pegar outros bens que ainda continuariam dentro da casa.
Até o final da tarde de ontem, permaneciam cerca de 500 pessoas acampadas no local. Outras 300 famílias são esperadas ainda esta semana para levantar acampamento na fazenda.
De acordo com João Mizael, um dos sem terra acampados no assentamento Emiliano Zapata – que também fica na fazenda de Neves, mas que foi ocupado em julho do ano passado – disse que a situação no local é tranqüila. Ele afirmou ainda que as famílias estão começando a trabalhar com hortas e plantações no local e estão cuidando dos animais da fazendo até que o dono vá retirá-los de lá.
Liminar
De acordo com o advogado de Neves, Carlos Eduardo Martins Biazetto, o juiz José Sebastião Fagundes Cunha, da 3.ª Vara Cível de Ponta Grossa, determinou uma audiência para o próximo dia 2 de agosto para apreciar o pedido de reintegração de posse. Segundo Biazetto, o juiz deve apreciar na mesma data outro pedido de reintegração da ocupação ocorrida em julho de 2004. Neves já havia impetrado um pedido de reintegração de posse em 15 de julho do ano passado para tirar as cerca de 100 famílias do acampamento Emiliano Zapata. O juiz Cunha concedeu a liminar, mas depois revogou a mesma, porque o Ministério Público emitiu parecer contrário.
A briga entre o MST e Neves acontece porque os sem terra acusam o coronel de grilar terras, que pertencem à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Um processo de usucapião da fazenda corre na Justiça de Ponta Grossa, mas a Embrapa contesta o argumento e quer de volta os 115,48 hectares ocupados por Neves desde 1998.
Desocupação
Em Ivaiporã, a juíza Karina Daggios deferiu o pedido de reintegração de posse na fazenda Nossa Senhora do Carmo. Localizada em Ortigueira, a fazenda também é conhecida pelo nome de Fazenda Brasileira e sua sede foi ocupada por cerca de mil famílias no último sábado. Em outra parte da mesma propriedade – nas proximidades de Faxinal – já havia outra ocupação do MST ocorrida em 2003.
O pedido de reintegração foi impetrado pelo proprietário da área, Osvaldo Petrilli, na segunda-feira. A juíza, após acatar o pedido, também encaminhou um mandato para a 2.ª Companhia da Polícia Militar de Ivaiporã, pedindo reforço policial para cumprir a ordem de desocupação. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), o pedido da juíza ainda não chegou na Sesp e o reforço policial para retirada dos sem terra só será organizado após análise do pedido.
Secretaria de Segurança faz reintegração de posse na Vila Sabará
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) desocupou ontem uma área urbana ocupada na Vila Sabará, Cidade Industrial de Curitiba. Após nove dias de ocupação, 150 policiais militares foram até o local para cumprir a ordem de reintegração de posse e assegurar que as pessoas saíssem pacificamente e em segurança do local.
Segundo o capitão Gilberto Silva, que comandou a operação, a desocupação foi tranqüila. ?Os moradores não apresentaram nenhuma resistência. São moradores da vila, que apenas tentavam se aproveitar da área para outros fins. Não fazem parte de nenhum movimento?, disse o capitão.
A área tem, aproximadamente, 258 metros quadrados e pertence à empresa Favretto Imóveis Ltda. De acordo com a PM, 81 barracos de lona já estavam instalados no local. Segundo a PM, havia cerca de 150 pessoas na área, mas muitas delas não estavam no local no momento da reintegração de posse. Dentro de alguns barracos, foram encontrados pertences de seus moradores. As pessoas retornaram às suas casas na Vila Sabará e o proprietário da área vai determinar o que vai fazer com os materiais que ficaram no local. As moradias tinham luz elétrica, conseguida irregularmente por meio de fiações clandestinas (?gato?). A Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel) já desligou as ligações ilegais.
A PM revistou todos os barracos e cercou a área para assegurar o sucesso da reintegração. Em uma das moradias improvisadas, foram encontrados uma faca, um machado e uma moto roubada. O dono do barraco não foi encontrado. De acordo com a PM, a moto havia sido roubada em Fazenda Rio Grande, no último domingo. O proprietário da moto já foi avisado e deverá reconhecer a motocicleta.
A retirada das famílias já foi concluída e 20 PMs continuam no local para que a empresa proprietária termine de cercar a área em segurança.