Cascavel perde um PS e fica com atendimento em xeque

O sistema de saúde de Cascavel, no oeste do Estado, está perto do caos. A partir de hoje, o Hospital Nossa Senhora de Salete não vai mais atender no Pronto Socorro (PS) pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Agora, quem precisar do SUS, precisará recorrer ao Hospital Universitário (HU).  

Segundo o diretor do Nossa Senhora de Salete, Allan Pinho, a situação chegou no limite: enquanto o hospital tinha capacidade para atender a cerca de 80 pacientes no PS por dia, estavam sendo atendidos pelo menos 200. O primeiro problema, segundo ele, é que o SUS não arca com as despesas desses 120 excedentes, o que acarreta no não-pagamento de médicos. O segundo complicador é que a maior parte desses pacientes têm problemas de baixa complexidade, que poderiam ser solucionados em postos de saúde ou nos Postos de Atendimento Continuado (PACs) da cidade, o que não ocorre normalmente. ?Os casos graves, que realmente necessitam de PS, eu não consegui mais atender aqui no hospital. Sem falar que foi criado um nível muito grande de estresse nos médicos, que ficaram com sobrecarga?, explicou.

Por conta disso, Pinho afirma que está negociando com a Secretaria de Saúde de Cascavel para que os PACs passem a aceitar atendimentos de emergência que chegam pelo Samu e pelo Siate, por exemplo, e também os casos de baixa complexidade, que já são atribuição dos PACs – para amenizar o problema do hospital. Porém, segundo ele, o município não aceita essa proposta, alegando que não tem estrutura para tanto.

Enquanto o impasse não se resolve, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Cascavel informa que o secretário de Saúde, Nadir Willi, está viajando. A assessoria diz ainda que uma reunião está marcada para hoje entre representantes da secretaria e diretores do hospital para tentar resolver o problema.

Pelo menos outros dois hospitais da cidade, o Policlínica e o São Lucas, também já não atendem mais pelo SUS. Tudo isso provoca um déficit no atendimento de saúde na cidade. O diretor da Regional de Saúde de Cascavel, Jorge Trannin, reconhece a falta de leitos no município de 30 a 50 e define o caos atual do sistema como ?falta de diálogo? entre os órgãos federais, estaduais e municipais. Segundo ele, o problema se restringe na questão do fluxo de pacientes, ou seja, os PSs dos hospitais estão cheios de casos de pouca complexidade, que podem ser atendidos em Prontos Atendimentos (PAs), postos de saúde e nos PACs. ?Não dá para tratar um hospital como um ambulatório?, indigna-se.

Trannin informou ainda que negociações estão sendo feitas há dias com o HU, o Hospital São Lucas, o Santa Catarina, o Nossa Senhora de Salete e os PACs (subordinados ao município). O problema, segundo ele, é que ?ninguém fez nada? após as reuniões. ?O resultado foi o HU vazio e o Nossa Senhora de Salete cheio. Mas se os PACs estão cheios é porque as unidades de saúde estão fechadas. Falta diálogo para resolver o problema?, reclama. Trannin também espera ver o problema solucionado nas reuniões que serão feitas nos próximos dias.

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