O conjunto Moradias Cerâmica, no Tatuquara, se transformou no retrato da delicada situação habitacional de muitos curitibanos. Uma das ruas está tomada por cerca de 40 famílias, que exigem ser abrigadas em uma das 191 casas do conjunto, construído para receber desalojadas de 16 áreas de risco. O protesto começou no domingo, quando 131 moradias foram ocupadas pelos manifestantes. Na manhã de terça-feira, foram retirados pela Guarda Municipal, mas parte das famílias decidiu permanecer acampada em frente às casas, na Rua Clóvis Boving. Elas dizem que só deixarão o local quando a Cohab providenciar uma moradia para abrigá-las.
Segundo os manifestantes, as casas invadidas estão vazias há meses e servindo como refúgio de criminosos e usuários de drogas. “Muitas casas estavam sendo depredadas. Estamos precisando de lugar para morar e não aguentamos ver essas casas novas abandonadas, sendo destruídas”, diz a professora Luzi Andrade, uma das líderes da manifestação.
Argumentos
A maioria das famílias que estão no local mora em áreas de ocupação irregular próximas ao conjunto. Entre elas, são comuns os relatos de aluguel atrasado e despejo por falta de pagamento. “Se pagar o aluguel, a gente passa fome. Se não pagar, vamos pra rua”, resume o manifestante Fernando Leopoldino. “Não queremos nada de graça. Queremos negociar”, ressalta.
Cohab não tem solução
A diretora de relacionamento comunitário da Cohab, Neucimary Amaral, estava ontem no local, tentando negociar com os manifestantes. “Já estávamos preparando a ocupação dessas casas, mas invadiram antes. Não temos casas prontas para atendê-los. Não posso tirar famílias já sorteadas para colocar esse pessoal”, argumenta.
Segundo Neucimary, processos burocráticos fazem com que as casas demorem até 60 dias para entrega após a construção. “Como são famílias retiradas de áreas de risco, temos que fazer a ocupação em sincronia com a demolição dos barracos em que viviam. Se não, essas áreas são ocupadas de novo”, explica.
Veja na galeria de fotos as famílias.