O novo presidente da associação, Arildo Ribeiro Taborda, 31 anos, conhecido como “Dida”, conta que está no local desde o início da ocupação, há 7 anos e meio e aceitou a missão porque já está acostumado a ajudar todo mundo. “Aqui é tudo muito precário e o incêndio só piorou tudo. Os pinheiros que ameaçavam cair ficaram mais frágeis”, avalia.
Gerson Klaina |
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Arildo: está muito perigoso. Veja na galeria de fotos e no vídeo o que sobrou no local. |
Isso significa que além das nove famílias atingidas pelo fogo – oito tiveram as casas completamente destruídas e outra ficou parcialmente), todas as 120 famílias que moram na região, a qualquer momento, podem ficar desabrigadas. “Vou pedir para os moradores dos pontos mais críticos saírem, porque está muito perigoso”, avisa Arildo.
Em uma das moradias mais próximas dos pinheiros que estão apodrecidos reside a zeladora Liliane Aparecida de Souza, 35 anos, o servente Lucas Veloso de Oliveira, 21 anos, e mais duas crianças. Grávida de cinco mes, Liliane diz que não dorme e reza para que nada de ruim aconteça. “Minha mãe perdeu a casa na sexta e tenho medo de ser o próximo”, revela Lucas, que é filho da catadora de papel Margarete Aparecida Veloso, 52 anos.
Apoio
Gerson Klaina |
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Marcio luta pela humanização. Veja na galeria de fotos e no vídeo o que sobrou no local. |
O engenheiro e voluntário da Paróquia Santa Quitéria Marcio de Oliveira Ramos explica que o objetivo do grupo de apoio à comunidade da Portelinha é se reunir semanalmente com a associação de moradores para ajudar na organização das ações em prol da “humanização” da área. “Estamos buscando material de construção, ou seja, areia, cimento e cal para que, no local do incêndio, novas moradias sejam reconstruídas de forma digna e que o esgoto não vá para o córrego como acontece com as demais moradias. Isso é o ponto de partida dessa mobilização para humanizar o local”, informa.
Pendências pra urbanizar
Gerson Klaina |
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Grávida, Liliane não dorme e reza. Veja na galeria de fotos e no vídeo o que sobrou no local. |
O grande impasse para qualquer avanço de infraestrutura na comunidade é que a ocupação está em um terreno particular que estava em litígio judicial. Tanto que a prefeitura de Curitiba pediu em caráter de urgência que a Secretaria do Meio Ambiente verifique a situação dos pinheiros para ter um laudo. Mas somente com a autorização do proprietário do terreno é que o poder público municipal poderá intervir. Segundo a prefeitura, isso também impede qualquer ação mais importante de urbanismo.
Pelo acompanhamento da Companhia de Habitação Popular (Cohab), como os proprietários do terreno apresentavam débitos tributários, a prefeitura negociou parte do terreno com a quitação de impostos. Porém, falta desmembrar matrícula da área para que ela passe a pertencer ao município. Somente após isso, a Cohab pode realizar algum projeto de loteamento.
Veja na galeria de fotos e no vídeo o que sobrou no local.