Curitiba deve chegar ao final deste ano com mais seis residências terapêuticas, casas onde são alojados ex-pacientes de hospitais psiquiátricos com longos períodos de internamento e que não possuem qualquer vínculo familiar. Através do programa municipal Saúde Mental, do município, duas casas já foram instaladas: uma no Tarumã, em 2002, que abriga cinco moradores, e outra no Alto Boqueirão, inaugurada em outubro passado, onde moram oito pessoas.
A residência terapêutica é um projeto inovador, que oferece uma alternativa no tratamento de pacientes com problemas mentais. ?É a forma de resgatar a dignidade desses pacientes e reintegrá-los ao convívio social?, afirma o secretário municipal da Saúde, Michele Caputo Neto. As casas oferecem um quarto para cada morador, mais sala de televisão e de refeições, cozinha e quintal. As residências funcionam em parceria com entidades e a comunidade.
A maioria dos moradores passou no mínimo mais de 20 anos em instituições psiquiátricas, como é o caso de Rosita, Antoninha, Terezinha, Pedro, Anselmo, João Venâncio, Nilza e Maria Ignêz, os oito moradores da segunda residência terapêutica de Curitiba. ?Aqui a gente toma café a hora que quer e não tem mais aquele não pode fazer isso, não pode fazer aquilo?, conta Terezinha do Carmo, 49 anos, ex-interna do Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz.
?Sem comparação?
Maria Ignêz Pereira, ex-interna do mesmo hospital, é responsável pela cozinha da casa. ?Aqui não tem comparação. Eu tenho a sensação de liberdade?, disse. Antonia Rodrigues, dona Antôninha, não lembra a idade e nem quanto tempo passou no hospital, mas mostra faceira seu quarto na casa. ?Eu já sofri muito?, resume.
A proposta é abrigar pacientes egressos de hospital psiquiátrico, com longa permanência de internamento, que não possuam vínculos familiares, sociais e de moradia nem condições de desfrutar de autonomia social. A meta é que após seis meses de convívio, os moradores possam viver de forma autônoma.