Casa ecológica é mais barata

A solução para o problema da moradia no País pode estar no conhecimento dos nossos antepassados. Na Conferência das Cidades que ocorre amanhã e sábado na capital, será apresentado um sistema de construção que diminui em até 40% os custos de uma obra. O tijolo cru, prensado e misturado a um percentual pequeno de cimento e cal pode ser usado na fundação, piso, paredes e telhado de uma casa. O engenheiro Ruy Arini explica que o princípio deste tipo de tecnologia foi usado até na construção das pirâmides do Egito.

Arini explica que grande parte da economia demanda do processo de produção do tijolo. Como toda construção retira terra do próprio local, ela pode ser usada como matéria-prima, economizando já no transporte. O processo de produção é simples: a mistura é de 94% de terra, 3% de cimento e 3% de cal. Depois de misturados e prensados, são colocados em uma pilha para secar por 24 horas. A prensa manual custa entre R$ 4 e R$ 5 mil. Já a hidráulica tem um valor mais elevado, entre R$ 22 mil e R$ 25.

Os gastos com a produção do tijolo convencional são bem maiores, sem falar nos danos ambientais. O engenheiro explica que para produzir material para uma casa de 48 metros quadrados são gastos 150 árvores com 10 centímetros de diâmetro, 18 litros de óleo diesel, 18 quilos de gás e 5.4 kw de energia. “Até o material chegar à obra, há gastos com o frete e outros impostos, que são responsáveis por 22% dos custos”, acrescenta o engenheiro.

O tijolo de terra prensada é usado desde a fundação ao telhado, e isso significa mais economia. Para juntar os tijolos são usados apenas argamassa e cola. Mas Arini já está trabalhando em um processo que usa apenas o encaixe. Além disto, as paredes não requerem o chapisco, reboco e o calfino, e a pintura pode ser feita diretamente sobre os tijolos e no piso pode ser aplicado qualquer tipo de revestimento. O telhado, em forma de abóboda, dispensa o uso de madeiras para dar o suporte. Outra vantagem da construção, é que também não deixa entulhos. Não é preciso quebrar paredes e nem o piso para colocar o encanamento e a rede elétrica, pois os tijolos já são moldados com o espaço.

Além da economia, o tijolo altamente compactado funciona como um isolante térmico, sendo ideal para diferentes tipos de clima. Com ele pode-se eliminar instalações de ar-condicionado e ventiladores, o que resulta em economia de energia elétrica. Além de tudo isso, proporciona isolamento acústico.

Casa populares

A tecnologia tem sido usada por ele na construção de casas para classe média e até em hotéis e indústrias. Mas Arini quer difundi-la na construção de casas populares. No dia 10 de outubro começam a ser construídas 15 mil exemplares em quatro cidades de São Paulo: São José do Rio Preto, Birigui, Assis e Bauru. As prefeituras doaram os terrenos, as famílias financiam o material e ajudam na mão-de-obra. As casas vão ter dois quartos, sala, cozinha e banheiro e vão custar entre R$ 12 e R$ 15 mil. As famílias pagam mensalidade entre R$ 100,00 e R$ 120,00. Elas vão custar cerca de R$ 15 mil a menos que outros projetos desenvolvidos no estado com casas menores. No Paraná existem mais de 150 mil famílias cadastradas na Companhia de Habitação (Cohapar).

Apesar de todas estas novidades, a tecnologia é antiga. Segundo Arini, as pirâmides do Egito e outros monumentos foram construídos com terra prensada e pó de pedra (cal). Com o passar dos anos é que elas foram virando os blocos de pedra. Só durante a segunda Guerra Mundial que o uso da técnica foi retomado e hoje esse tipo de tecnologia é usado em 48% das casas no mundo todo, mas ainda é pouco conhecido no Brasil.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo