O clima tenso entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do assentamento Contestado, na Lapa, Região Metropolitana de Curitiba, e as famílias expulsas do assentamento teve um novo capítulo nesta semana. As expulsões ocorreram em agosto e seis famílias foram acusadas de corte ilegal de madeira. Até agora, a Polícia Federal não apresentou o relatório sobre o caso. Mas as diferenças continuam. Na madrugada de quarta-feira, um incêndio atingiu a casa dos fundos de onde uma das famílias expulsas estava morando. A acusação é de que o MST seria responsável pelo ato.
Segundo Mauro Sérgio de Souza, um dos expulsos do assentamento, a casa estava emprestada pelo período de 90 dias e faz divisa com o assentamento. ?Queimaram móveis, alimentos, roupas, calçados…?, lamentou.
Com medo de novas ocorrências, a dona pediu a devolução da casa. Sem poder voltar ao assentamento, Souza ainda não sabe para onde vai. ?Líderes do MST já mandaram recado por outros assentados que, se voltarmos lá, nos despejam de novo com policiamento ou sem?, contou. As famílias também receberam ameaças por telefone.
De acordo com a promotora Mônica Derbli Baggio, o Ministério Público instaurou um procedimento investigatório sobre o caso e, na Polícia Civil, tramita investigação sobre prática de crime, para averiguar as ameaças. Acompanhando a situação de longe, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) diz que só pode intervir após a apuração policial da extração ilegal de madeira, quando a confusão começou. ?O Incra não é polícia para fazer a reintegração, que depende de uma decisão judicial. Para não tomarmos nenhuma medida precipitada, estamos aguardando o relatório da PF?, explicou Luasses dos Santos, ouvidor agrário do Incra no Paraná.
Do outro lado, o MST garantiu que as famílias do assentamento não tiveram participação no incêndio. Em nota enviada a O Estado, o MST afirmou: ?Após algumas dessas pessoas terem sido presas em uma operação da PF e afastadas do assentamento, iniciaram uma campanha contra o MST, na tentativa de distorcer os fatos e fugir da responsabilidade pelo crime?.
Telêmaco Borba
Em Telêmaco Borba, a Polícia Militar cumpriu ontem mandados de reintegração de posse. Foram retiradas três famílias que moravam irregularmente em um terreno da Prefeitura, há mais de um ano. De forma pacífica, a Prefeitura encaminhou as famílias para um abrigo, até que sejam incluídas em programas de moradia.
