Ser obrigada a se prostituir para comprar drogas para o marido e ainda sofrer violência física quando não consegue. Essa era a rotina de uma curitibana de apenas 18 anos de idade até que sua mãe resolveu dar um basta nas atitudes desumanas do genro. O nome da moça e o local onde ela vivia são mantidos em sigilo por segurança. A atitude da mãe da menina acabou levando-a à chamada Casa de Maria, local de Curitiba onde mulheres vítimas de violência doméstica podem se hospedar e ficar bem longe de seus companheiros. Na capital há apenas uma casa nesses moldes, mas pessoas que lutam pela causa e trabalham na área afirmam: é preciso aumentar o número de casas-abrigo para mulheres que sofrem abusos não só na capital, mas também na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

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A vereadora professora Josete (PT) é uma delas. Seu projeto na Câmara de Vereadores está pronto para votação desde outubro de 2005. Mas até agora nada. ?O projeto é simples. Ele apenas amplia o número de casas-abrigo para mulheres vítimas da violência. O ideal era que houvesse, no mínimo, uma casa por regional?, opina.

A Casa de Maria, cujo endereço também é mantido em sigilo, tem capacidade para abrigar 40 pessoas, incluindo as mulheres e seus filhos. Porém, quando aparecem hóspedes com muitas crianças, a capacidade acaba ficando menor, pois a filosofia da diretoria da casa é não criar superlotação nos quartos. A delegada da Mulher, Darli Rafael, também vê a necessidade da criação de novas casas. ?É muito freqüente atendermos mulheres que não têm para onde ir. Muitas vezes não podemos encaminhar para a casa-abrigo porque está cheia?, afirmou. Na opinião de Darli, seria necessário pelo menos mais uma casa em Curitiba e outra para atender a RMC. ?Existem estudos para criar mais uma casa na RMC, mas ainda são só estudos. E o pior é que sabemos que as estatísticas não mostram a realidade. Há muito mais mulheres agredidas que não denunciam, principalmente na RMC?, afirmou. A delegacia atende, em média, 300 casos por mês.

A diretora da Casa de Maria, Rosemary Coldibelli, explica que em determinados dias a casa fica cheia, mas há também períodos que há apenas duas, três mulheres para atender. ?Elas podem ficar aqui até 90 dias, mas em geral saem bem antes, felizmente?, comenta.

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Uma unidade não é o bastante

Na opinião da promotora de Justiça que está trabalhando no recém-criado Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Danielle Thomé, há necessidade de haver mais casas-abrigo. ?Acho que deveria haver pelo menos mais uma, pois há muitos casos que atendemos aqui?, diz.

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Danielle também reitera a questão da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). ?Acho que cada município teria que criar uma casa dessas. O problema da violência contra mulher é grave?, afirma. O Juizado recebe casos encaminhados de delegacias em situações em que há representação da vítima. Desde janeiro deste ano, quando foi criado, o Juizado já recebeu mais de 200 notícias-crime.