Carteiros organizam mobilizações no Paraná

?Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão?. O trecho desse samba-canção, dos compositores Cícero Nunes e Aldo Cabral, escrito na década de 40, se tornou quase um hino para os carteiros. Porém, a categoria alega que hoje esse ?grito? está ficando cada vez mais fraco. O motivo é a sobrecarga de trabalho e os baixos salários. Ontem, no Dia do Carteiro, a categoria aproveitou a data para mobilizações.

Em diversas agências do Paraná, o Sindicato dos Trabalhadores nos Correios (Sintcom) colheu assinaturas em um documento que será levado ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para denunciar o não cumprimento de uma cláusula do acordo coletivo de trabalho, assinado entre o sindicato e os Correios, no ano passado. Segundo o secretário-geral do sindicato, Nilson Rodrigues dos Santos, no item 17 do acordo a empresa se comprometia a contratar mais funcionários, aumentando o efetivo, e com isso, aliviando a carga de trabalho dos carteiros.

?Mas a empresa não cumpriu isso. Fez poucas contratações, mas não diminuiu o problema?, disse o sindicalista. Ele explica que a carga horária desses profissionais é de 8 horas diárias, no entanto, devido ao grande volume de encomendas, os carteiros precisam trabalhar mais para conseguir realizar as entregas.

Funcionários também fizeram um abaixo-assinado.

Esse tipo de situação, segundo Santos, tem sido motivo de manifestações em diversos Centros de Distribuição Domiciliar (CDD) dos Correios em Curitiba e região – na quarta-feira ocorreu uma manifestação no CDD Bigorrilho. Dos cerca de seis mil funcionários dos Correios no Paraná, metade são carteiros. Nilson estima que esse número está defasado em 30%.

A categoria também aproveitou a data para levantar a bandeira salarial – apesar de terem data-base em agosto. De acordo com o secretário-geral do Sintcom-PR, o salário inicial do carteiro é de R$ 500, que seria uma valor muito abaixo das demais categorias que trabalham na empresa. No ano passado eles reivindicaram um reajuste de 47%, mas fecharam um acordo de 9,18%, além de um abono de R$ 800. ?Achamos que o reajuste foi bom, mas poderia melhorar. O abono foi pago em apenas um mês e não incorporou ao salário?, reclamou. Nilson Santos disse que a categoria também espera com ansiedade a aprovação de um projeto que está na Câmara dos Deputados e que prevê um adicional de 30% por periculosidade aos carteiros.

Posição

A direção dos Correios em Curitiba informou, através da assessoria de imprensa, que entende o direito do sindicato de manifestar, e que a ação faz parte da política da entidade. No entanto, argumentou que o reajuste salarial foi dado em acordo com os trabalhadores e entende que ele está acima da média de mercado e dentro da viabilidade da empresa. Além disso, argumenta que oferece boas condições de trabalho, oferecendo aos funcionários valealimentação, plano de saúde, uniformes e filtro solar. Em relação à sobrecarga de trabalho, os Correios alegam que nenhum funcionário está trabalhando acima do limite legal e que o aumento do volume de trabalho ocorre em determinadas épocas. No ano passado a empresa contratou 149 funcionários, entre carteiros e atendentes.

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