O tradicional carnaval de Curitiba passará por mudanças neste ano. Com a dinâmica de apoiar e fortalecer o evento, que em 2013 agrupou mais de 25 mil pessoas na Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) deve dar novo endereço para o desfile, no entanto, a rua utilizada como passarela pelas escolas de samba será revelada apenas na próxima semana.
Segundo Marcos Cordiolli, presidente da FCC, o carnaval é o momento do ano em que os moradores de todos os bairros da cidade e também da região metropolitana convergem para a o Centro de Curitiba, por isso, remanejar o desfile tem um caráter estrutural e de acessibilidade. “A Avenida Cândido de Abreu é local ruim, pois ela tem curvas e o público não consegue ver todo o desfile”, comentou Cordiolli. Além disso, o novo endereço deve favorecer quem vai de ônibus até a festa. “Atualmente, as pessoas têm dificuldade para chegar e também para voltar para casa”, acrescentou.
O bloco Garibaldis e Sacis também não se apresentará mais no Largo da Ordem, ganhando como novo espaço a Boca Maldita. Assim como em 2013, o grupo deve ter duas saídas em bairros da cidade.
Apesar da reestruturação, a FCC não quer comparar o carnaval curitibano com a festa realizada em São Paulo, no Rio de Janeiro ou mesmo em Antonina, no litoral paranaense. A ideia da instituição é criar um evento com identidade própria, centrada nas famílias da Grande Curitiba. Com esse objetivo em mente, a instituição disponibilizará uma verba de quase R$ 263 mil para ajudar as escolas a montar a estrutura necessária para ir para a rua.
O dinheiro, que faz parte de fundo municipal de incentivo à cultura da Prefeitura Municipal, foi dividido entre as escolas do Grupo A e do Grupo B, além de três blocos carnavalescos que farão a abertura do desfile. De forma geral, as escolas do grupo de elite terão para repartir entre si R$ 160 mil, os outros R$ 72 mil ficarão com as escolas de acesso e o restante da verba será dividido entre os blocos. Cada escola de samba teve de participar de um edital, precisando atender a determinados pedidos para poder receber o dinheiro.
Origens
Cordiolli relembra que o carnaval é uma festa de origem portuguesa, mas que no Brasil sofreu forte influência da cultura africana. “A recuperação do carnaval é também a valorização da cultura afrodescendente, que representa ¼ da população curitibana”, comentou o presidente da FCC.
Para reforçar o caráter social das escolas de samba, a FCC pretende incentivá-las a usar suas estruturas para promover programas educacionais de prevenção e combate às drogas e também atividades de cunho cultural, assim, para Cordiolli, o desfile será o resultado de um trabalho realizado durante todo o ano, visando, em uma prazo de 4 anos, conseguir público superior a 50 mil pessoas.
Com readaptação do carnaval em Curitiba, a FCC vislumbra maior giro na economia da capital, pois, além dos vendedores ambulantes credenciados para trabalhar nos eventos, haverá também a contratação de mão-de-obra por parte das escolas de samba, gerando novas oportunidades de emprego em segmentos como o da costura e o da manutenção e construção de carros alegóricos durante o ano todo.
Eventos alternativos
Curitiba sempre foi lembrada como uma opção de turismo para quem não é adepto da folia. E assim pretende continuar. Para isso, a FCC manterá os seus espaços abertos durante os dias do carnaval com atividades alternativas para quem não pretende estar na avenida. Uma das opções será uma festival de cinema com filmes trash que acontecerá em paralelo com a Zoombie Walk, que no ano passado conseguiu juntar mais de 5 mil pessoas e recebeu participantes que vieram em excursão de Belé,m do Pará.
Outro tradicional evento curitibano que passará por mudanças é o Psycho Carnival, que se chamará Carnarock e também ganhará nova casa em um local maior, ainda não divulgado.
Segurança pública
Para garantir a segurança dos foliões, a FCC trabalha em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública, a Guarda Municipal, a Polícia Militar e a Polícia Civil, prevenindo possíveis distúrbios durante o evento. De acordo com Cordiolli, o carnaval de Curitiba é caracterizado pela ausência de graves ocorrências no desfile e nas comemorações.
“Estabelecemos uma rotina sem grandes incidentes e com os espaços devolvidos ao cidadão em ótimas condições”, contou o presidente da entidade, afirmando que faz parte da cultura do curitibano a preservação dos locais públicos.