Carga de ácido sulfúrico cai próximo ao Capivari

Um caminhão da transportadora Maitá Ltda., de Curitiba, pertencente ao ex-jogador de futebol Alceu Menta (mais conhecido como Caxias), tombou ontem, por volta das 4h, no quilômetro 43 da Rodovia Régis Bittencourt, a BR – 116, a cerca de 1 km da Represa do Capivari. O veículo, placa ACI-3062, estava carregado com 26 mil litros de ácido sulfúrico. Cerca de mil litros vazaram. O produto tóxico, de propriedade da empresa catarinense Buschle & Lepper, vinha de São Paulo e tinha como destino final Joinville.

O grande temor dos agentes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, da Polícia Rodoviária Federal e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em atividade no local do acidente, era de que começasse a chover. “Em contato com a água, o ácido sulfúrico emite um vapor tóxico que, se inalado, provoca queimaduras nas vias aéreas”, revelou o sargento do Corpo de Bombeiros de Curitiba, Amauri César Pereira. “Se começar a chover, provavelmente teremos que isolar parte da área atingida.”

Mesmo sem chuva e apesar de o vazamento ter sido considerado de pequenas proporções, o cheiro de ácido sulfúrico era bastante forte nas proximidades do quilômetro 43. No início da manhã, antes da chegada de integrantes da Defesa Civil, bombeiros foram vistos trabalhando no local sem a proteção de máscaras. Muitos também não usavam luvas para proteger as mãos, mesmo estando cientes de que, em contato com a pele, o ácido sulfúrico pode provocar queimaduras de terceiro grau.

Para evitar que o ácido chegasse a um córrego ? e, conseqüentemente, à represa do Capivari ?, foram realizadas barreiras de terra a cada cinco metros do lugar onde o caminhão tombou. Na seqüência, uma escavadeira pertencente à prefeitura do município de Campina Grande do Sul iniciou escavação de uma bacia de contenção. À tarde, um outro caminhão da Maitá realizou o transbordo do produto sinistrado. A transportadora deve ficar responsável pela restauração do local atingido.

O motorista do caminhão, Alcides Fagundes, de 38 anos, sofreu escoriações leves e foi levado ao hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul.

Transportadora divide multa com contratante

Os trabalhos de suçção na área atingida pelo vazamento de óleo de um caminhão que tombou anteontem, no quilômetro 9 da BR-277 (região conhecida como Pixirica), prosseguiram ontem. A Transportadora Roglio, responsável pelo veículo, foi obrigada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) a dar início aos trabalhos de limpeza do local, ainda na quarta-feira. O pagamento da multa que o IAP vai aplicar pelo acidente será compartilhado entre a Roglio e a Shell, empresa contratante. A empresa contratou quatro caminhões-tanque para a coleta do combustível derramado, dos quais três já haviam recolhido o produto.

“A legislação é clara: quem causou o acidente deve arcar com os prejuízos. Neste caso, as duas empresas têm responsabilidade sob o vazamento”, explica o coordenador de Recursos Ambientais do IAP, José Luiz Bolicenha. De acordo com ele, a transportadora deverá fazer um relatório detalhado sobre os danos causados a toda a região atingida pelos 3.500 litros derramados. “A partir deste relatório e de nossas análises, determinaremos o valor da multa e uma relação de medidas para a recuperação do local”, avisa Bolicenha.

Ontem, o IAP colheu amostras da água do afluente do Rio Ribeirão para a analisar se de fato ela não foi atingida pelo óleo. Os resultado deve ser concluído dentro de 15 dias. “Esta análise é para comprovarmos a gravidade dos estragos”, esclarece. Por enquanto, sabe-se que a extensão do vazamento chegou a 500 metros, 100 metros antes de atingir o rio. “Embora a limpeza já tenha sido feita, técnicos do IAP e da transportadora vão ficar nos próximos dias monitorando a área, para garantir que o óleo não atinja o rio”, afirma Bolicenha.

Tráfego liberado

De acordo com a Ecovia, empresa responsável pelo trecho onde aconteceu o acidente, o tráfego nos dois sentidos da BR 277, voltou ao normal por volta das 19h30. A demora para a liberação total da rodovia se deu porque a operação de transbordo do caminhões foi dificultada devido a região ser um banhado, onde a presença do lodo se misturava ao óleo. Metade da pista já estava liberada, 40 minutos após o acidente, que segundo a Ecovia aconteceu às 6h56. (Magaléa Mazziotti)

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