Caravana nacional do desarmamento sai do Paraná

O governo federal quer sensibilizar a sociedade para conseguir mais adesões à campanha do desarmamento. Por isso, o Ministério da Justiça está fazendo uma caravana, que irá passar por diversos estados para ampliar a mobilização de autoridades e da população civil para a entrega voluntária das armas. O lançamento oficial da caravana foi feito ontem em Curitiba, com a presença do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

Com uma hora e meia de atraso, o ministro foi recebido pelo governador do Paraná, Roberto Requião. De acordo com o ministro, o lançamento da caravana foi feito no Paraná porque o Estado foi o pioneiro no recolhimento de armas – aqui a campanha começou no início ao ano. “É uma homenagem ao Estado por ele ter sido precursor da campanha, e também por ser pioneiro em outras iniciativas, como a integração da segurança pública”, comentou. Ainda ontem, o ministro seguiu para Florianópolis, onde também participou de uma solenidade de adesão à campanha.

Durante a visita, o ministro Márcio Thomaz Bastos -que estava acompanhado pelo secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, e pelo diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda – também assinou convênios para a liberação de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública. Para a região Sul mais o Estado de São Paulo, serão liberadas verbas na ordem de R$ 23 milhões, dos quais R$ 5,5 milhões virão para o Paraná, tanto em espécie quanto em veículos e equipamentos para ampliar a comunicação entre os órgãos de segurança.

Esses recursos serão investidos em obras de reformas, ampliações e melhorias no 1.º, 3.º e 8.º Distritos Policiais de Curitiba, onde funcionarão os Centros Integrados de Atendimento ao Cidadão (CIACs). O centro integrará completamente os trabalhos das polícias Militar e Civil, atendendo à população 24 horas por dia. Com o dinheiro, o governo do Estado, através da Secretaria da Segurança, também promoverá cursos de treinamento e aperfeiçoamento do trabalho policial, para atender ao projeto de valorização profissional. Além disso, serão adquiridos materiais e equipamentos para melhorar as condições de trabalho dos policiais.

Igrejas

Desde o lançamento, no mês de julho, a campanha já recolheu 121.356 armas de fogo em todo o País. De acordo com o ministro, a iniciativa vem superando as expectativas, pois a meta era 80 mil até dezembro. Diante desse quadro, Bastos disse que espera fechar o ano com 200 mil armas recolhidas. Os estados com mais participação na campanha são Rio de Janeiro e São Paulo. O Paraná é o sétimo no ranking, com 5.534 armas devolvidas. Segundo o ministro, não faltará dinheiro para o pagamento das indenizações. No final de setembro foi liberado um crédito suplementar de R$ 20 milhões – o governo está pagando de R$ 100 a R$ 300 por arma.

Novos locais

Uma das estratégias do governo para conseguir novas adesões é ampliar os locais de recolhimento, hoje feito nas delegacias de polícia. Márcio Thomaz Bastos afirmou que espaços como igrejas, templos e rádios passarão a ser pontos de recebimento. Porém, a proposta do ministro levantou questionamentos. O arcebispo emérito de Curitiba, dom Pedro Fedalto, disse que as igrejas não têm condições de receber as armas, pois isso colocaria em risco a segurança desses locais. “O ministro falou que a população tem mais confiança na igreja, mas eu temo pela segurança, pois um bandido pode arrombar a igreja e levar tudo. E como fica essa situação?”, questionou.

Estado tem 25,6 mil armas a menos

A campanha de desarmamento foi iniciada no Paraná no início deste ano. Na fase estadual foram recolhidas 20 mil armas. Depois do lançamento nacional da campanha, outras 5,6 mil foram entregues. De acordo com o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, o controle da posse e do uso da arma de fogo é uma das formas mais eficientes de se evitar os homicídios, uma vez que as estatísticas apontam para a passionalidade e a motivação fútil desse tipo de crime.

Segundo ele, 96% dos homicídios no País envolvem armas de fogo, 60% são cometidos por pessoas que não têm antecedentes criminais e em 50% dos casos as vítimas se conheciam. “Isso prova que a maioria dos crimes não é cometida por bandidos, mas em situações onde a pessoa perde o controle. Por isso a lógica do desarmamento da pessoa de bem”, observou.

Para Delazari, o recolhimento de armas, juntamente com outras políticas de segurança pública, vem mostrando bons resultados no Paraná. Nos primeiros meses da campanha, a secretaria contabilizou uma redução de 27% dos homicídios em Curitiba e na Região Metropolitana, e 30% em Londrina. O secretário estima que circulam no País 20 milhões de armas – das quais apenas 5,5 milhões estão cadastradas. Dessas, 23,5 mil foram cadastradas no Paraná. (RO)

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