Caramujo africano infesta litoral do Paraná

A ocorrência em quantidades alarmantes do molusco gigante africano Achatina fulica na área de proteção ambiental de Guaraqueçaba, que abrange as ilhas de Superagüi, Peças e Ilha Rasa, está preocupando a população e pesquisadores. Estudantes de Biologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná coletaram 3.554 caramujos em 50 casas. “O trabalho visou a diagnosticar a ocorrência do molusco na área urbana, sensibilizar os moradores sobre a necessidade de erradicação e promover educação ambiental nas escolas”, explicou a professora Marta Luciane Fischer, do Núcleo de Estudos do Comportamento Animal.

A comunidade mostrou que está a par da situação e conhece bem alguns aspectos biológicos e ecológicos do exótico animal. Entretanto, foram detectados problemas de desinformação a respeito do envolvimento do animal na saúde, medo e nojo, desconhecimento da forma de controle e preocupação com o extermínio do caramujo nativo. “Verificamos controle inadequado com a colocação de sal diretamente sobre o solo, matando outros moluscos, empacotamento do molusco vivo em sacos de lixo levados para o lixão pelo sistema de coleta público, esmagamento e lançamento do animal vivo na rua ou em outros terrenos”, destacou a professora da PUC.

A resistência do molusco africano e o fato de se reproduzir em larga escala, botando mais de 200 ovos por vez, permitiu que a espécie tivesse sucesso na região. Outra preocupação dos pesquisadores é que o caramujo invasor, muito mais resistente que o molusco gigante brasileiro Megalobulimus, conhecido como aruá-do-mato, possa estar sendo eliminado pela competição de espaço e alimento. “Encontramos muitos aruás mortos em Guaraqueçaba e Ilha Rasa. Na ânsia de controlar o molusco invasor, as pessoas podem estar eliminando o nosso caramujo”, observa Marta.

Doença

Os caramujos podem transmitir a doença chamada de angiostrongilíase, causada por verme nematódeo, que tem como hospedeiro definitivo o rato e intermediário o molusco. Alimentando-se de fezes do rato, o molusco incorpora o parasita, que é passado para o rato novamente, quando ele se alimenta do molusco contaminado. “Sem querer, a pessoa entra no ciclo no lugar do rato, quando come ou tem contato com o muco do molusco contaminado. Existem duas formas da doença, uma que causa a meningite comum na Ásia – não há casos conhecidos no Brasil -, e outra que causa lesão abdominal, com registros no Brasil”, esclareceu a pesquisadora.

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