Cara-metade pode estar no ambiente de trabalho

Encontrar um namorado não é tarefa fácil, e às vezes, até desanima. Já que namorado não cai do céu com um champagne numa mão e rosas na outra, o jeito é aumentar as possibilidades de encontros. Isso significa, por exemplo, sair de casa e freqüentar locais que combinam com você. Mas essa regra não serve para todos, pois ir a lugares badalados pode não ser muito o seu perfil. Além disso, a prioridade nesse momento tem sido o trabalho, onde, aliás, você passa a maior parte do seu dia. Mas que tal dar uma olhada para o lado, pois quem sabe o amor da sua vida está muito mais próximo do que se imagina.

E foi dessa forma que a jornalista Eliane Bernardo França acabou encontrando o marido, Carlos França, com quem está casada há 12 anos. Ela foi contratada para ser repórter de uma emissora de televisão em Ponta Grossa, onde Carlos era o gerente geral. Após um ano, Eliane assumiu a chefia de jornalismo da empresa e, junto com outros funcionários, passou a desenvolver um projeto para a região de abrangência da emissora. “Então passamos a viajar juntos, discutir sobre o trabalho e fomos vendo que existiam algumas afinidades além da questão profissional”, conta Eliane. Depois de dois anos, quando Carlos deixou a função na televisão para atuar no ramo madeireiro, os dois acabaram casando.

A jornalista lembra que no início foi difícil conciliar a vida profissional com a pessoal, pois durante o relacionamento acabavam falando de trabalho, e aí surgiam as diferenças: “Nem tudo foram flores, pois tinha muita divergência. Eu brigava pelo piso salarial da categoria, entre outras questões que também acabam se estendendo depois do expediente”, lembra. A forma de resolver o impasse foi fazer um pacto de não falar de trabalho na hora do namoro. Outra dificuldade sentida por Eliane foi vencer as barreiras junto aos colegas de trabalho, que falavam nos bastidores que por ser namorada do chefe ela tinha privilégios: “Mas eu mostrei minha competência, pois continuo na empresa depois de 15 anos”.

A aproximação dos karatecas Osvalter Urbinati e Keith Sato aconteceu no tatame. “A gente vivia se encontrando nas competições”, lembra Keith. Mas o interesse surgiu mesmo quando Osvalter se mudou de Goioerê para Curitiba, e o casal passou a treinar junto. Ele lembra que usava artifícios pouco convencionais para tentar uma aproximação: “Uma vez eu dei um golpe um pouco forte na costela dela e depois fiquei ligando para saber se ela estava bem”, conta o atleta. Nem Keith nem Osvalter assumem a autoria da iniciativa do namoro – que já dura dois anos -, mas garantem que foi um processo natural que só vem crescendo.

Mas os dois concordam em um ponto: de todas as conquistas que já tiveram na profissão, como o sucesso em campeonatos mundiais, o amor supera todas. “É um misto de namoro, atleta e técnico, pois a gente se ajuda muito no trabalho”, fala Keith, que garante que fica muito mais nervosa quando ele está competindo. Outra vantagem destacada pelo casal é a cumplicidade, “pois quem não é do esporte não iria entender porque troco meus finais de semana pelo treino”, disse a karateca.

Tendência

A aproximação de casais no ambiente de trabalho tem crescido muito, diz a psicóloga Fátima Hadaya: “O trabalho é o local onde as pessoas passam a maior parte do seu tempo, mas ele também acaba sendo um referencial”. Isso porque o local de trabalho cria um ambiente de confiança, que faz com que a relação não seja superficial. O relacionamento nesses locais também traz benefícios e proporcionam uma aproximação maior, “à medida que ajuda a combater a ansiedade, a relação vai sendo construída de uma forma diferente do que seria fora desse ambiente”. Atuar na mesma área profissional, diz a psicóloga, também acaba sendo um facilitador do relacionamento: “Isso acontece porque como as pessoas entendem as prioridades profissionais, acabam respeitando mais um ao outro”.

Agência tenta “salvar” relações

Entre 1991 e 2002, o volume de separações no Brasil passou de 30,7% para 55,9%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Preocupado com esse aumento gradativo no número de separações de casais, a agência de relacionamentos Golden Years desenvolveu o projeto “Vida a Dois”. A iniciativa quer promover uma série de atividades de lazer e entretenimento para os casais que estão cansados da rotina diária.

Festas, happy-hour e passeios ecológicos em companhia de outros casais fazem parte da programação da agência. Para a terapeuta de casais e também organizadora do projeto, Maria Cristina Rydyger, essa convivência com outras pessoas é importante na superação de problemas. “Nessa troca, um casal que está quase se separando pode ter a oportunidade de ver que outros também passaram por uma situação parecida, superaram a crise e estão felizes”, comenta Cristina.

Cursos

O casal que tiver interesse também pode participar de cursos, workshops e palestras sobre amor, relacionamentos, sexualidade, trabalho e família. “Os homens gostam de cursos sobre como aquecer a relação. As mulheres querem mais detalhes sobre sedução”, comenta a consultora de relacionamentos Marlene Heuser. “Queremos falar sobre isso, mas de uma forma que a mídia não mostra. Nem sempre o que os meios de comunicação veiculam vai de encontro às necessidades ou colabora para solucionar os problemas. Existe um exagero, exploração da sedução e sexualidade. O nível de exigência fica muito alto entre os casais”, alerta Cristina.

Data é dia comum para os “solteiros”

Grande parte dos brasileiros vai passar o dia de hoje acompanhado, desfrutando de encontros românticos e troca de presentes. Porém, para muita gente sem namorado, o Dia dos Namorados não passa de uma data comercial ou mesmo de um dia como outro qualquer. Alguns se sentem frustrados e entristecidos por estarem sozinhos. Outros não ligam e não se deixam influenciar pelo romantismo que envolve os comerciais de TV e as vitrines das lojas.

A professora Cristiane Regina da Luz, de 25 anos, está sem namorado há um ano e meio. Seu último relacionamento durou seis meses. Ela não esconde o desejo de encontrar sua “cara-metade”, mas diz que prefere passar o dia 12 de junho sozinha do que na companhia de uma pessoa que não satisfaça suas necessidades afetivas: “Sinto falta de alguém que me faça companhia ou mesmo para quem eu possa comprar um presente”, confessa. “Porém, não tenho pressa. Quero uma pessoa especial, que me complete e a quem eu também possa completar. Com o tempo acho que ela vai acabar aparecendo em minha vida. Por isso, vou encarar o Dia dos Namorados como um dia comum, sem problemas”.

A fisioterapeuta Glaucia Falavinha, de 29 anos, deve fazer o mesmo. Ela está há um ano sem namorado e deve passar o dia de hoje estudando. À noite, ela tem planos de sair com os amigos e, quem sabe, conhecer alguém especial e também iniciar um relacionamento amoroso: “Acho que a gente pode encontrar um namorado a qualquer hora e em qualquer lugar. Já passei o Dia dos Namorados sozinha diversas vezes e não é nada desesperador. Acredito que tudo tenha hora certa para acontecer, e não quero uma pessoa para me fazer companhia só neste dia, mas em todos os outros do ano”.

Liberdade

Tanto para Cristiane e Glaucia quanto para outras pessoas solteiras, a vantagem de não ter namorado é poder viver em liberdade, sem ter que dar satisfações da própria vida para ninguém: “Ser livre e poder fazer tudo na hora que quero é muito bom”, conclui a professora.

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