O olho da capivara, considerada o maior roedor do planeta e típica da fauna brasileira, pode servir como fonte de pesquisa para a oftalmologia médica no que diz respeito à compreensão do funcionamento da visão e ao estudo de doenças genéticas que podem ser verificadas nos olhos dos seres humanos.
Isso é o que revela uma pesquisa realizada no ambulatório experimental de oftalmologia comparada da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que funciona dentro do hospital veterinário da instituição, em Curitiba.
O trabalho, desenvolvido pelo professor Fabiano Montiani-Ferreira, foi publicado na edição de novembro e dezembro do periódico americano Veterinary Ophthalmology.
“Trabalhamos com cerca de 30 capivaras que habitam o parque Tingüi, a partir de uma solicitação da prefeitura de Curitiba para que fosse analisada a sanidade dos animais. Na área de oftalmologia veterinária, fiz medições do tamanho dos olhos dos indivíduos, pressão e espessura da córnea”, comenta.
Segundo o professor, nos Estados Unidos e na Europa cirurgias oftalmológicas e medicamentos a serem utilizados nos olhos dos seres humanos costumam ser testados em ratos e camundongos.
Entretanto, os olhos são menores do que os das pessoas e possuem córnea com espessura inferior. O olho da capivara, por sua vez, tem características bem semelhantes ao dos humanos.
“Além do tamanho, a espessura da córnea das capivaras é idêntica à dos humanos. O olho dos animais também apresenta uma camada presente no olho dos humanos e ausente no da maioria das espécies, a membrana de Bowman, localizada abaixo do epitélio”, informa.
A pesquisa também apresenta alguns dados inéditos, como o fato de a pupila da capivara ter formato oval e ser posicionada verticalmente; e a conjuntiva do animal ter forte pigmentação devido à presença de grânulos de melanina, o que pode estar ligado à proteção contra as ações nocivas dos raios ultravioleta.