Cais de inflamáveis, onde o navio Vicuña explodiu no último dia 15. |
A Capitania dos Portos liberou ontem o cais de inflamáveis, em Paranaguá, alegando "aspectos da Segurança da Navegação". O pedido de desinterdição foi feito pela Transpetro, subsidiária da Petrobras. Duas embarcações, inclusive, já atracaram no terminal da Petrobrás, ao lado do píer da Cattalini. No entanto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Ambiental do Paraná não concordam com o transbordo de cargas. Segundo o chefe do IAP no litoral, Sebastião Carvalho, a presença dos navios prejudica os trabalhos de contenção e limpeza do óleo do navio chileno Vicuña, que explodiu no último dia 15 de novembro.
Os navios chegaram na madrugada de ontem ao píer da Petrobras. O Atlântica I está carregado com ácido sulfúrico e o Bow Eagle está programado para carregar óleo vegetal. Mas, para realizar o transbordo, vão ter que aguardar autorização dos órgãos ambientais. Os navios estão a serviço da empresa Vopac.
Ontem à tarde, a comissão que está conduzindo o processo de recuperação dos danos ambientais se reuniu e, depois de muita discussão, IAP e Ibama decidiram que o terminal da Petrobrás deve continuar embargado. Os terminais da Cattalini Terminais Marítimos e da Petrobras estão interditados desde o dia do acidente. De acordo com Carvalho, a Cattalini pediu, na última quinta-feira uma autorização ao órgão para operar no terminal da Petrobras.
Segundo ele, devido a aproximação dos navios, as embarcações que auxiliam nos trabalhos na região do acidente tiveram que ser deslocadas da área. Com isso, as pequenas manchas de óleo que passam pelas barreiras de contenção estão se espalhando pela água. A captação dessas manchas fica mais difícil à medida que elas se dispersam. Os barcos de apoio tentam recolher o material, apesar das dificuldades. As informações já foram repassadas para as empresas responsáveis pela operação.
Um sobrevôo foi realizado ontem à tarde para verificar a real situação em torno do navio acidentado. A partir disso, novas medidas vão ser tomadas, se for constatado que as equipes não estão conseguindo realizar os trabalhos necessários.
Praias
Já saiu o resultado dos testes de balneabilidade (qualidade da água) realizado pelo IAP nas praia afetadas pelo óleo. As praias de Ipanema, Pontal do Sul e Ponta da Pita, em Antonina, foram consideradas impróprias para banho. Já as praias da Ilha do Mel foram consideradas boas. Mas segundo Carvalho, os testes vão se repetir para aumentar a segurança dos banhistas. Agora vão ser coletadas amostras em 10 pontos da ilha – no primeiro teste foram seis. As demais praias paranaenses não apresentam problemas.
Ibama segue multando empresas
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) decidiu na última quinta-feira continuar cobrando a multa diária de 250 mil das quatro empresas envolvidas no acidente com o navio chileno Vicuña. O órgão considerou que elas não estão cumprindo integralmente as metas estabelecidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para amenizar o impacto causado ao meio ambiente. Os valores já chegam a R$ 11 milhões.
A decisão surgiu depois de uma reunião entre técnicos e membros do departamento jurídico do Ibama. As quatros empresas envolvidas Cattalini, P&I, Sociedad Naviera Ultragas e Wilson Sons vão continuar pagando esses valores até que sejam cumpridas todas as exigências dos dois órgãos.
A procuradora federal chefe do Ibama, no Paraná, Andréa Vulcanis, aponta que do ponto de vista do órgão nenhuma das quatro empresas foi pontual o suficiente até o momento. "Nenhuma deixou de ser multada por um dia sequer, já que desde o dia 17, quando a cobrança passou a valer oficialmente, estamos encontrando irregularidades no cumprimento das metas", explica.
Mas Andréa ressalta que algumas das exigências estão sendo cumpridas. Um exemplo disso é o posicionamento de três anéis de contenção e absorção em torno da região onde houve a explosão, área chamada de ponto zero. No entanto, o óleo continua ultrapassando essas barreiras, mesmo que em menor quantidade. "Enquanto houver qualquer vazamento para a baía, por menor que seja, a meta não estará sendo cumprida e a multa se justifica", fala.
O Ibama recolheu ontem nove animais afetados pelo óleo – só um deles com vida. Um lagarto do papo-amarelo, espécie ameaçada de extinção, deve ser solto hoje. O restante dos animais eram peixes, invertebrados e aves. Ao todo já foram resgatados 70 animais mortos e 12 vivos. (EW)