Aliocha Mauricio / O Estado do Paraná
Objetos de grande valor são
preservados na Capela Bom Jesus.

Parte da história de Curitiba pode ser apreciada fazendo uma visita aos colégios católicos fundados há mais de 100 anos. Vários objetos, imagens e pinturas retratam os hábitos e costumes de quem viveu neste período. No Colégio Bom Jesus, a sala da memória preserva um pedacinho desse cenário, que começou com a fundação da Congregação das Irmãs de São José em 1896.

A sala da memória no colégio é repleta de objetos que contam a história do Convento das Irmãs de São José. Cerca de 500 meninas e moças viveram até a década de 1960 em regime de internato. “Naquela época havia poucos colégios e os pais as mandavam para cá”, conta a irmã Noivil Belussi. Um dos objetos mais antigos é uma prensa de queijo feita de madeira e ferro fabricada pelas próprias irmãs que fundaram a congregação no Paraná. Naquela época, o terreno do convento, no bairro Cajuru, tinha 15 hectares e, além da horta, criavam-se animais.

No acervo, há também uma prensa manual de 1920. “Havia toda uma preparação para se imprimir um documento. Hoje eles são feitos em segundos”, compara a irmã. Na época, a máquina era muito usada para imprimir o diploma das meninas. Outro objeto que chama a atenção é um baú de 1910 feito em couro, usado para guardar o enxoval durante as viagens de navio.

Para quebrar a monotonia, em 1960 usava-se um projetor de filmes, que era emprestado nos consulados. “Não tinha nada para se fazer aos domingos e as meninas não podiam estudar todos os dias”, lembra. Também há uma coleção de relógios antigos. Cada irmã tinha o seu, já que ninguém podia perder a hora.

A congregação sempre foi ligada à música e as irmãs ensinavam a arte para as internas. No acervo, há órgãos antigos e até um metrônomo de 1902. O objeto era usado para ajudar a marcar o ritmo das músicas. Na sala há também vários objetos sacros do início do século, como capas litúrgicas, sacrários e relíquias de santos. Na capela do convento, o que chama a atenção é um altar feito de mármore de Carrara, cidade italiana. O altar veio em 1925.

Pinturas

No Colégio Paranaense, o que chama a atenção são as pinturas das paredes da capela, que está para completar 104 anos. Elas foram restauradas e o estilo clássico francês do pós-renascentismo foi preservado. Os desenhos acima do altar são da década de 1920 e simbolizam os quatro apóstolos: Mateus, Lucas, Marcos e João. Alguma salas do prédio mais antigo também foram restauradas e mostram os três estilos de pintura que o espaço ganhou ao longo dos anos. A última é da década de 1940.

O Colégio Sagrado Coração de Jesus também preserva boa parte de sua história na capela. Entre os objetos mais antigos, uma cômoda de madeira de lei, revestida com veludo, que é usada para guardar os paramentos das celebrações. Além disso, há algumas imagens sacras que vieram da Itália, há 104 anos, junto com as irmãs apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Sem falar na pintura, que é original.

Ao contrário do que muita gente imagina, as capelas ainda são usadas nessas escolas. São realizados momentos de reflexão e missas, com a participação dos alunos e dos pais.

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