Professores e funcionários da rede estadual de ensino do Paraná aprovaram por unanimidade, sábado, greve por tempo indeterminado. Com isso, os docentes não irão às salas hoje, quando começaria o ano letivo. Mais de 2,1 mil escolas ficarão sem aulas, afetando os 950 mil alunos matriculados na rede.

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“A paralisação foi definida por conta do caos que se instalou com os cortes promovidos pelo governo do estado e com a proposta de suprimir direitos dos professores, conquistados historicamente”, disse Luiz Fernando Rodrigues, diretor de comunicação da APP-Sindicato, que representa a categoria. A assembleia foi realizada em Guarapuava, com 5 mil servidores da educação.

A confirmação da greve consolida a crise na educação estadual, que estava em ebulição nas duas últimas semanas, por conta de medidas de contingência determinadas pelo governo do estado. Entre elas, estão o corte de funcionários das escolas (10 mil servidores foram demitidos, segundo o sindicato); o calote em parcelas do ano passado do fundo rotativo (dinheiro destinado à manutenção das escolas e compra de materiais); e atraso no pagamento do terço de férias dos docentes e da rescisão dos 29 mil professores temporários que trabalharam na rede no ano passado.

Pacote

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A gota d’água, no entanto, foi o “pacotaço” enviado pelo governador Beto Richa à Assembleia Legislativa na quarta-feira. A proposta prevê a extinção dos quinquênios e torna mais difícil a retirada de licenças (que passam a ser aprovadas diretamente pelo secretário da Educação). A medida também promoveu cortes no vale-transporte e muda as regras para a previdência dos servidores.

Para tentar impedir a aprovação do “pacotaço”, os professores devem levantar um acampamento em frente à Assembleia Legislativa nesta semana. Outras manifestações devem ocorrer, paralelamente, em todo o estado. A intenção da categoria é detalhar à população o impacto que os cortes causam à educação do estado.

Categoria quer que os deputados barrem o ‘pacote de maldades’ de Beto Richa. (Foto: Jonatan Campos/Gazeta)
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Plano B

Em entrevista coletiva realizada na sexta-feira, o secretário estadual da Educação, Fernando Xavier Ferreira, demonstrava esperança que os professores não optassem pela paralisação. Apesar disso, ele havia dito que não haveria um “plano b” em caso de greve. “A secretaria vive do trabalho dos professores. Se eles tomarem a decisão de greve, não poderemos tomar uma medida emergencial”, disse.

Em nota, a Secretaria da Educação lamentou a decisão pela greve dos professores e lembrou que, nos últimos quatro anos, a categoria recebeu 60% de reajuste salarial e a ampliação de 75% na hora-atividade, dois avanços históricos em vencimentos e benefícios.

Ainda segundo o governo estadual, no ano passado, os investimentos do Paraná no setor superaram em R$ 1,8 bilhão o mínimo constitucional e o Estado aplicou na área 35% do
orçamento.