Candidatas a emprego de mãe social protestam

Mais de 150 candidatas a um emprego na Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), na sede de Santa Felicidade, em Curitiba, protestaram ontem em frente à instituição. Elas alegaram que não tinham sido avisadas sobre a real jornada de trabalho da vaga de mãe social, que cuida de casas lares onde são abrigadas crianças especiais órfãs ou abandonadas pela família.

A desempregada Lúcia Calisto conta que as mulheres viram o anúncio de emprego no quadro de serviços de uma rede de televisão. De acordo com ela, o aviso apenas informava qual era o cargo e o salário (R$ 400). Quando chegaram lá, no início desta semana, as mulheres preencheram uma ficha e insistiram em saber alguma informação sobre o emprego, mas não receberam nenhuma. ?Algumas ainda foram informadas por funcionários da Apae que seria em horário comercial, de segunda a sexta?, afirma.

As candidatas deveriam voltar ontem para o início de avaliações e treinamentos. No horário marcado, foi colocado o cartaz informando que a pessoa que conseguisse o emprego teria que cumprir seis dias de trabalho, 24 horas de folga e deveria dormir no local. Isso revoltou as candidatas, que tentaram falar com a direção, mas não foram bem recebidas. ?Se falasse que era para dormir, muitas de nós nem tinham vindo. Se tivesse o cartaz no dia de preencher a ficha, já teríamos desistido. Fora o dinheiro que gastamos com as passagens em dois dias?, revela Lúcia.

O supervisor administrativo da Apae, Waldinei Wzorek, explica que não dar dados sobre o emprego no recrutamento é um procedimento normal das empresas. Ontem, no dia da seleção, as candidatas foram informadas sobre as condições de trabalho. ?A pré-seleção começou ainda no portão e foi informado do que se tratava para não criar falsas expectativas. Tanto que muitas delas já foram embora nesse momento. Algumas aceitaram passar pela seleção. Ficaram 30 pessoas para 4 vagas?, explicou.

Segundo o supervisor, a mãe social cumpre uma jornada das 8h às 12h e das 13h às 15h no cuidado com as crianças e nas tarefas de administração do lar, como lavar e passar roupa. Depois desse horário, ela precisa pernoitar porque os especiais não podem ficar sozinhos. ?A jornada de trabalho e o procedimento para a seleção das candidatas seguem a lei. Acredito que houve um mal-entendido?, avalia Wzorek. Cerca de 320 mulheres preencheram a ficha de inscrição para o emprego, segundo a Apae.

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