O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Curitiba registrou em 2003 cerca de cinco mil apreensões de animais silvestres e 260 devoluções espontâneas. Neste ano, o número de apreensões é de cerca de 500, porém as entregas voluntárias ultrapassam 600. As campanhas de conscientização seriam o principal motivo para essa diferença.
Quem avalia é a coordenadora do Núcleo Fauna do Ibama, Cosette Xavier da Silva, que afirma que essa entrega é caracterizada por pessoas que possuem um animal silvestre e resolvem levar até o órgão ou por aquelas que encontram alguma espécie fora do seu habitat natural. “Mas o importante é ver que as campanhas estão sendo eficientes”, disse.
Além do Ibama, diversas organizações não governamentais vêm trabalhando com iniciativas semelhantes. É o caso da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), que há seis anos desenvolve uma campanha para proibir o tráfico ilegal de animais silvestres. O principal alvo da campanha são espécies do litoral do Paraná, como papagaio-de-cara-roxa, animal ameaçado de extinção.
A técnica do programa, Roberta Lúcia Boss, diz que o trabalho é intensificado durante o verão, quando ocorre o período reprodutivo da maioria dos animais, e os filhotes ficam mais vulneráveis, se tornando um alvo fácil. Além disso, o fluxo de pessoas no litoral é maior, o que propicia o ação dos comerciantes.
Crime
Do total de animais silvestres que são alvo do tráfico, 70% deles são aves, como canário-terra, coleirinho, sabiá e pintassilgo. De acordo com Cosette Silva, eles são os preferidos porque cantam e são de fácil manejo. Ela disse que como a ação é ilegal, não é possível quantificar quanto esse mercado movimenta. Já a SPVS estima que esse valor chegue a R$ 6 bilhões por ano.
A coordenadora do Ibama afirma que quem mantém ou é pego com alguma espécie silvestre é autuado e recebe uma multa de R$ 500 por animal. Se for uma espécie ameaçada de extinção a multa varia de R$ 3,5 mil a R$ 5 mil. Além disso, responde a uma ação criminal. Os animais provenientes dessa apreensão são soltos ou vão para criadouros ou zoológicos autorizados pelo Ibama. A orientação da Cosette para quem deseja comprar um animal é consultar sempre o Ibama, através do site www.ibama.gov.br ou pelo e-mail linhaverde@ibama.gov.br.