Os atropelamentos estão entre os acidentes de trânsito que mais fazem vítimas no Brasil. Só em Curitiba, de janeiro a julho deste ano, foram 483 ocorrências (envolvendo 477 feridos e seis óbitos), existindo na cidade uma frota de 1.176.604 veículos.
O número é um pouco menor que o registrado no mesmo período do ano passado: 505 (com frota de 1.125.866). Porém, continua sendo considerado preocupante.
De acordo com o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), nos sete primeiros meses deste ano, as maiores vítimas de atropelamentos foram pessoas com mais de 60 anos de idade, representando 74 casos do total de 483; e entre 18 e 29 anos, com 73 casos.
Posteriormente, as populações mais atingidas têm entre 30 e 40 anos (48 casos), entre 0 e 9 anos (44 casos) e entre 41 e 50 (42 casos). Adolescentes entre 13 e 17 anos representam 34 casos do total, entre 10 e 12 anos vinte casos e adultos entre 51 e 59, 32 casos.
Os casos restantes não tiveram a idade informada no momento do registro da ocorrência. Em relação ao sexo, 176 vítimas eram homens e 196 mulheres, sendo que a quantidade restante também não foi informada.
“A principal causa dos atropelamentos está no desrespeito à faixa de pedestres, tanto por parte dos próprios pedestres quanto dos condutores”, comenta o tenente do BPTran, Silvio Cordeiro.
“O desrespeito é tanto que o BPTran está realizando uma campanha educativa, intitulada ‘Pedestre, use a faixa’, onde coloca banners em cruzamentos com o intuito de chamar a atenção da população em relação ao problema”.
No que diz respeito aos pedestres, o tenente comenta que, em busca de facilidade, muitas pessoas deixam a cautela de lado. Às vezes por pura preguiça, elas deixam de caminhar alguns metros a mais até a faixa de pedestres e tentam realizar a travessia em locais inadequados, em meio ao trânsito intenso.
“Muitas vezes, os pedestres que não utilizam a faixa aparecem de repente no meio da via, sem que o condutor esperasse. Este acaba se assustando e não tendo tempo de parar o veículo”.
Já em relação aos motoristas, o tenente explica que muitos estacionam sobre a faixa de pedestres ou não esperam que estes finalizem a travessia antes de acelerarem o veículo.
“Quando uma pessoa começa a atravessar, os motoristas têm obrigação de esperar que ela termine a travessia antes de tocar o veículo. Porém, boa parte dos condutores não respeitam esta norma, também indo de encontro de quem está a pé”.
Nos seis primeiros meses deste ano, as vias da capital campeãs em atropelamentos foram a Avenida Sete de Setembro, com sete ocorrências; Marechal Floriano Peixoto, República Argentina e Mateus Leme, com cinco cada uma; e André de Barros, Manoel Ribas, Comendador Franco e Presidente Kennedy, com quatro cada.
Vários níveis de ferimentos
Os atropelamentos podem gerar desde ferimentos leves até ocasionar a morte das vítimas. O médico ortopedista do Serviço de Ortopedia do Hospital Evangélico de Curitiba, Flamarion dos Santos Batista, explica que tudo depende da velocidade com que o veículo atinge a pessoa.
“Muitas vezes, uma moto em alta velocidade pode causar danos maiores do que um carro em baixa velocidade. Dependendo da gravidade do trauma, a vítima de atropelamento pode ficar com sequelas para sempre e ter sua qualidade de vida prejudicada”, declara.
Os traumas mais comuns resultantes de atropelamentos geralmente são percebidos nas pernas das vítimas, onde normalmente os veículos batem. Quando a pessoa é arremessada, ela também pode ter ferimentos nos membros superiores (como braço, cotovelo e punho) e até traumatismo craniano. “Os danos independem da idade da vítima. Entretanto, é comum que pessoas jovens tenham uma evolução mais rápida no tratamento”, explica. (CV)
Mais acidentes envolvendo ônibus
Vem crescendo, na capital, o número de atropelamentos envolvendo ônibus e micro-ôn,ibus. Entre janeiro e julho deste ano, o BPTran registrou 67 ocorrências do tipo.
No mesmo período do ano passado, foram 52. No total, em 2009, foram 84 registros. O vereador e presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana, Denílson Pires, revela que a maior parte dos atropelamentos por ônibus ou micro-ônibus acontece em canaletas exclusivas para estes veículos ou então quando as pessoas estão desembarcando dos mesmos.
“As canaletas, embora exclusivas para ônibus, muitas vezes são irregularmente utilizadas por ciclistas e mesmo pedestres. Já em relação ao desembarque, as pessoas costumam passar pela frente dos ônibus, sendo atingidas por outros veículos œque não as vêem”, explica.
Segundo Pires, os ônibus e micro-ônibus têm tempo de frenagem mais lento do que veículos menores. Por isso, demoram mais para parar. “Os ônibus são mais pesados e o tempo de resposta quando o motorista pisa no freio é maior. Além disso, quando um ônibus para de repente, há riscos de os passageiros se ferirem”.
Com o intuito de evitar atropelamentos, seja por ônibus ou não, o vereador elaborou um projeto de lei que visa tornar obrigatória a parada de veículos diante das faixas de pedestres. O mesmo já foi protocolado na Câmara de Vereadores de Curitiba.
O projeto prevê que as punições aplicadas aos motoristas que não respeitarem as faixas sejam as mesmas previstas no Código Brasileiro de Trânsito (CBT). Nele, o artigo 214 pune o desrespeito à faixa com multa de R$ 192,00 e perda de sete pontos na carteira de habilitação. Além disso, será organizada uma campanha, denominada “Pé na Faixa”, com o intuito de conscientizar a população sobre o assunto. (CV)