A campanha Adote um Ninho, promovida pelo Programa Papagaios do Brasil, incentiva que pessoas físicas e jurídicas contribuam financeiramente para a instalação, manutenção e monitoramento de ninhos artificiais para papagaios de quatro espécies brasileiras: papagaio-de-cara-roxa, papagaio-de-peito-roxo, papagaio-verdadeiro e papagaio-charão. Ela vai até março de 2022 e chega agora em sua reta final.
Até o momento, foram arrecadados R$ 63.540,20 para as quatro espécies. Em fevereiro de 2022, a Fundação Grupo Boticário, parceira da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), uma das apoiadoras diretas da iniciativa, doou R$ 10 mil para cada uma das quatro espécies, totalizando a destinação de R$ 40 mil em favor dos papagaios. A Fundação aportou os recursos e destinou a “compra” simbólica dos ninhos a um grupo de cerca de 100 consultores voluntários que atuam em parceria com a instituição.
“A natureza nos proporciona experiências, memórias, bem-estar e recursos essenciais à vida e ao desenvolvimento. Conseguir demonstrar nosso carinho, admiração e atenção aos outros a partir de um presente que nos faz olhar para o futuro do planeta conversa com a história da nossa instituição e com o trabalho desempenhado pelo grupo de pessoas presenteado. Que os papagaios que nascerem desses ninhos sejam símbolo dos laços que criamos e somos agradecidos por termos conosco”, afirma a gerente de Educação e Engajamento da Fundação Grupo Boticário, Thaís Machado Gusmão.
Os consultores presenteados receberam vídeos dos filhotes de papagaios, uma arte de moldura para usarem nas redes sociais, certificados de madrinha e padrinho, uma carta de agradecimento e acesso a um site personalizado para que pudessem ter acesso a informações exclusivas sobre os papagaios.
Até o início de março, último mês da campanha, as quatro espécies de papagaios brasileiros arrecadaram pouco mais de R$ 63 mil. A distribuição das doações para cada uma delas pode ser acessada neste link.
Ninhos artificiais suprem falta de cavidades naturais
A campanha de adoção simbólica de ninhos acontece durante o período reprodutivo das aves, que ocorre de agosto a fevereiro ao longo dos anos. Essa é a época em que as espécies demandam maior atenção dos projetos de conservação. “Os papagaios são monitorados por especialistas há mais de duas décadas. Com muita pesquisa e conhecimento nos diferentes locais, observamos que o desmatamento e a extração de espécies florestais eram algumas das principais razões para a ausência de ocos adequados para a reprodução dos papagaios” explica Elenise Sipinski, responsável técnica do Programa e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN). “Com isso, incentivamos a criação de Unidades de Conservação nas áreas de distribuição dos papagaios e também instalamos os ninhos artificiais para suprir a falta de cavidades naturais”, diz.
Gláucia Seixas, idealizadora e coordenadora do Projeto Papagaio-verdadeiro acrescenta que o tráfico de filhotes também é uma grande ameaça para estas espécies de papagaios. “No Cerrado e na Mata Atlântica de Mato Grosso do Sul, onde atuamos, cerca de 85% dos ninhos naturais monitorados por nós são destruídos, muitas vezes derrubados, pelos traficantes para roubar os filhotes e vender ilegalmente.”
Os ninhos artificiais instalados em áreas ocupadas pelos papagaios auxiliam a suprir essas carências de ninhos naturais, contribuindo com a manutenção e o aumento populacional das espécies. Essa tecnologia já é implementada há mais de uma década e tem se mostrado muito efetiva, estimulando o nascimento de centenas de filhotes de papagaios já registrados. Este é o primeiro ano que o Programa Papagaios do Brasil trabalha com uma campanha que possibilita que pessoas de todos os lugares do mundo contribuam por meio da adoção dos ninhos artificiais.
Presente às atuais e futuras gerações
A primeira etapa para a adoção dos ninhos consiste em escolher para qual espécie de papagaio ou projeto de conservação a contribuição será destinada. Na sequência, são oferecidas informações sobre os biomas de ocorrência, quantidade de ninhos artificiais já instalados e outras curiosidades para que o adotante tenha certeza de sua escolha. Depois, são sugeridos valores de doação e também oferecidos benefícios que vão da categoria de amiga/amigo dos papagaios à madrinha/padrinho. As categorias podem ser vistas neste link.
Com a doação efetivada, os projetos destinam os recursos arrecadados à produção de novos ninhos artificiais, para contratação de mão-de-obra-local para instalação, custeio das ações de monitoramento dos ninhos artificiais, continuidade das ações de pesquisa com as espécies e outras atividades que incluem a comunicação e a educação para a conservação dos papagaios em vida livre.
“Como especialistas nós acreditamos muito no potencial de mobilização desta campanha. Os papagaios são espécies carismáticas e muito conhecidas pela população brasileira”, relata Nêmora Prestes, coordenadora do Programa Nacional de Conservação do Papagaio-de-peito-roxo e também integrante da RECN. “Cada vez mais a sociedade tem entendido seu papel cidadão na conservação da biodiversidade. Adotar um ninho precisa ser visto como uma ação que garante futuro, um presente à nossa e às futuras gerações” finaliza.
As adoção dos ninhos pode ser feita pelo site.