Por conta da exploração comercial e sexual que ocorre na região da Tríplice Fronteira (nas cidades de Puerto Iguazú, na Argentina, Ciudad del Este, no Paraguai e Foz do Iguaçu, no Brasil), foi lançada ontem à noite uma campanha publicitária para sensibilizar a população e todos os órgãos voltados à proteção dessas pessoas. Inicialmente, os coordenadores da campanha vão distribuir cartazes pelas três cidades para tentar inibir este tipo de crime.
O programa federal Sentinela atende hoje 181 crianças e adolescentes vítimas de violência na região de Foz do Iguaçu. 68% dos casos são de exploração sexual e 30% de abuso sexual. A maior parte das vítimas são meninas, com idade entre 15 e 18 anos.
A campanha lançada ontem faz parte da Terceira Jornada ?Pelos Direitos das Crianças e Adolescentes contra o Tráfico e a Exploração Sexual na Tríplice Fronteira – Três Países, Três Poderes?. Desde julho desse ano, a rede que protege as vítimas (polícia federal e rodoviária, SOS Criança, Sentinela, Vara de Infância e Juventude e Secretaria de Ação Social e Assuntos da Família de Foz do Iguaçu) vem tentando realizar um controle maior, na Ponte da Amizade, das crianças que entram no Brasil. De acordo com a secretária de Ação Social de Foz, Rosilene Link, a situação de crianças e adolescentes pedindo esmolas em Foz estava se tornando muito freqüente, o que motivou as abordagens. ?Na mendicância elas são aliciadas para o tráfico de drogas ou para a exploração sexual?, afirma. O evento, que termina hoje, foi aberto pelo ministro da Província de Misiones (Argentina), Ricardo Escobar, no Hotel Esturión, em Puerto Iguazú.
Para Roseli Schuster, membro do Comitê de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Foz do Iguaçu, campanhas como essa são bem-vindas, embora haja outras prioridades. ?O que precisamos é de verbas que priorizem as ações de atendimento direto às vítimas. No Sentinela temos estrutura para atender 80 vítimas, mas atendemos 181. Nosso conselho tutelar tem apenas cinco conselheiros para a população inteira de Foz?, reclama.
Segundo Roseli, o que se busca agora, depois do maior controle na ponte, é firmar acordos com o Paraguai e a Argentina, para possibilitar que o trabalho seja mais eficiente. ?Essas crianças são presas fáceis para os aliciadores. Os acordos entre os países só funcionam se houver continuidade no tratamento das vítimas, senão elas acabam voltando para a rua?, alerta Roseli.