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Ancoragem da estrutura que
desabou e contenção do aterro
evitam o comprometimento
do que sobrou da ponte.

Representantes da Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar) e da Federação Nacional dos Caminhoneiros Autônomos decidiram ontem, durante uma reunião, dar um prazo de um mês para ver como vai se dar o andamento das obras de reconstrução da ponte sobre a represa do Capivari, na BR-116, em Campina Grande do Sul. De acordo com o presidente da Fetranspar, Luiz Anselmo Trombini, caso a categoria julgue que não estão sendo feitos todos os esforços para agilizar a conclusão das obras, os empresários e caminhoneiros prometem fechar a rodovia no início de março.

"Achamos que o prazo de seis meses para conclusão das obras é muito longo. Caso não haja empenho, tomaremos uma atitude mais drástica", afirmou Trombini. A Fetranspar e a Federação dos Caminhoneiros querem que sejam investidos os recursos da Contribuição sobre Intervenção do Domínio Econômico (Cide) para a recuperação da ponte que caiu parcialmente na terça-feira passada, deixando uma pessoa morta e outras três feridas.

Durante todo o dia de ontem, continuou sendo feito o trabalho de ancoragem da estrutura que desabou e a contenção do aterro. Desde sábado, quando foi constatada a movimentação dos destroços, o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) determinou que fosse feita a contenção do pedaço da ponte que caiu. De acordo com o coordenador do Dnit no Paraná, Rosalvo Gizzi, teme-se que os destroços, caso afundem, possam bater nas pilastras de sustentação da ponte, comprometendo a estrutura do restante que sobrou da edificação. Além disso, o deslocamento dos destroços pode provocar outro desabamento no aterro que fica na cabeceira da ponte.

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Já para conter o deslocamento do aterro que sustenta a outra ponte, para onde o tráfego da BR foi desviado, o Dnit providenciou a instalação de plásticos, e está fazendo a terraplenagem para desviar a água direto para a represa. O grampeamento do aterro, que deveria ter começado ontem, foi mais uma vez adiado. Ontem, somente as medições topográficas estavam sendo feitas. As obras propriamente ditas devem começar hoje.

De acordo com Gizzi, o grampeamento deve ser concluído em cinco dias. Depois disso, será feito um monitoramento no local, para saber se os riscos de desabamento desapareceram. "Se tudo correr como o previsto, em cerca de 10 dias liberamos a passagem de caminhões com mais de 45 toneladas", disse. Desde sábado, a Polícia Rodoviária Federal está impedindo que caminhões com mais de 45 toneladas passem pela ponte. A decisão de limitar o tráfego foi do Dnit, com o objetivo de evitar que os problemas se agravem. A orientação do órgão para os caminhões tipo bitrens é que eles deixem uma das composições antes da ponte, e retornem para apanhá-las depois.

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As obras de reconstrução da ponte sobre o Capivari devem durar seis meses. De acordo com Gizzi, será feita uma ponte de 100 metros no local do desabamento. Ela será 20 metros maior do que a anterior porque, desta forma, as vigas de sustentação serão fixadas num terreno mais firme, evitando a utilização do aterro que desabou. Gizzi disse ainda que está sendo discutida em Brasília a possibilidade de utilizar ligas metálicas na construção, o que agilizaria a conclusão da obra.

Procurador visita ponte

O procurador da República, João Francisco Bezerra de Carvalho, esteve ontem no local do acidente, na BR-116, colhendo mais informações para embasar as investigações do Ministério Público Federal, que pretende apurar as responsabilidades administrativa, civil e penal sobre a queda da ponte.

Além das informações solicitadas ao Dnit – sobre contratos de limpeza, manutenção e conservação de todo o trecho da BR-116 no Estado -, o Ministério Público Federal encomendou, a diferentes órgãos e instituições, estudos para saber qual era o estado da ponte e as possíveis causas do desabamento. A Polícia Rodoviária Federal, o Corpo de Bombeiros e o Dnit no Paraná também terão que explicar ao Ministério Público as atitudes tomadas após o acidente, para tentar minimizar os efeitos da tragédia. (SR)

Iniciadas obras em outro ponto crítico

A pouco mais de dez quilômetros da ponte sobre a represa do Capivari, que desabou na semana passada, a ponte Manoel José também está com sua estrutura danificada. O problema já foi identificado pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), que ontem iniciou obras de recuperação no local. O principal problema foi o rebaixamento da cabeceira da pista.

De acordo com o engenheiro supervisor da Unidade de Colombo do Dnit, Ronaldo de Almeida Jares, há cerca de seis meses a estrutura da ponte havia sido reforçada através da construção de um muro de peso. Isso foi necessário, explicou Jares, porque houve um deslocamento dos pilares que formam a estrutura da ponte. Agora o problema voltou a acontecer e existe o risco do degrau que se formou na cabeceira da via se ampliar.

Para o supervisor, o excesso de peso dos caminhões foi a principal causa. "Nossas estradas não foram construídas para suportar tanto peso e é por isso que estão aparecendo esses problemas", comentou. Desde ontem um grupo de trabalhadores está fazendo a limpeza nas proximidades da ponte Manoel José, e um engenheiro deveria avaliar quais intervenções seriam necessárias para resolver o problema do rebaixamento. Uma das possibilidades seria o emprego de concreto armado para aumentar a sustentação. (RO)