Um acidente ocorrido ontem no quilômetro 33 da BR-116, sentido Curitiba-São Paulo, com um caminhão contendo amônia provocou um congestionamento de 12 quilômetros na estrada. O caminhão tombou na pista no início da manhã, às 6h30. O trânsito só foi liberado às 14h, depois de muito cuidado na retirada do veículo, que estava carregado com vinte mil litros da substância química. O tráfego voltou ao fluxo normal somente no final da tarde. O motorista do caminhão acidentado teve apenas ferimentos leves e foi encaminhado para o Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba.
A demora na remoção do caminhão aconteceu por causa da alta toxicidade da amônia. Mesmo com o acidente, não houve vazamento do produto na rodovia ou áreas próximas. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), equipes do Corpo de Bombeiros e técnicos em cargas perigosas da polícia e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) estiveram no local para avaliar a situação. Eles cogitaram a possibilidade de transferir a carga para outro veículo (operação chamada transbordo), mas optaram por remover o caminhão da pista. “Dentro do tanque, a carga estava pressurizada, ou seja, metade líquida e metade gasosa. Seria muito complicado fazer o transbordo”, contou Rasca Rodrigues, presidente do IAP. “Além disso, um caminhão não conseguiria chegar até o local por causa do congestionamento. Como não houve rachaduras no tanque, ele foi retirado da pista”, afirma. A empresa Ultrafertil, detentora da carga, tem 24 horas para tirar o tanque da BR-116.
De acordo com Rodrigues, a amônia tem um cheiro muito forte, que pode causar tonturas e desmaios nas pessoas próximas à substância. Se o produto vazasse, atingindo o solo, poderia contaminar um dos lençóis freáticos que deságuam na represa Capivari, localizada perto do local do acidente. “Caso acontecesse, teríamos que suspender o abastecimento de água da região”, comenta o presidente do IAP.
Grau de risco à saúdeExposição aguda
– A amônia produz lesão tissular semelhante a um álcali corrosivo. É muito solúvel em água e, portanto, atua na mucosa umedecida das vias aéreas superiores e nos olhos. É um gás irritante para o nariz e para a garganta, levando à tosse e à dificuldade para respirar. Atingindo os olhos leva a lacrimejamento, edema palpebral, úlcera da córnea, atrofia da íris e cegueira devido à catarata tardia e atrofia da retina. A amônia é um severo irritante para os olhos, as vias respiratórias e a pele.
– Nas vias respiratórias os seus vapores provocam faringite, laringite, broncoespasmo, dor torácica, dispnéia (dificuldade para respirar) e traqueíte.
– Em altas concentrações, a amônia atua sobre os pulmões, causando edema agudo, asfixia, devido ao envolvimento do sistema nervoso central, surgindo parada respiratória, alterações no ritmo e nos batimentos do coração.
– O contato da pele e mucosas com a forma líquida provoca queimaduras graves.
– Na via digestiva, a irritação provoca náuseas, vômitos, sensação de queimação e edema dos lábios, da boca e do nariz. Na ingestão ocorrem queimaduras da boca, esôfago e perfuração gástrica.
Primeiros socorros
Na inalação
* É imprescindível a remoção imediata da vítima da área contaminada, para local com ar fresco. Administrar oxigênio 100%, umidificado, tratamento do edema pulmonar, entubação e ressuscitação cardiorrespiratória, se necessário. Broncodilatadores e antibióticos podem ser necessários, a depender das complicações.
Na ingestão
* Se a vítima estiver consciente, administrar água ou leite para diluição do álcali, que poderá ser neutralizado com a administração, logo após, de vinagre diluído em água ou suco de limão. Desaconselhável a lavagem gástrica, devido ao risco de perfuração esofagogástrica. Não induzir vômito.
No contato com a pele
* Retirar imediatamente a roupa contaminada e remover a amônia através da lavagem com água corrente, para atenuar a ação irritante primária ou cáustica, que pode causar queimaduras de 1.º e 2.º graus. Tratar queimaduras.
No contato com os olhos
* Qualquer quantidade do produto deverá ser removida rapidamente com a lavagem dos olhos em água corrente durante 15 minutos. Em caso de dor forte, instilar duas gotas de colírio anestésico (tetracaína, por exemplo). Encaminhar ao oftalmologista para tratamento adequado.