Camelôs e policiais se enfrentam nas ruas de Londrina

Terminou em confusão a operação conjunta da Receita e da Polícia Federal de combate ao contrabando e descaminho que apreendeu ontem cerca de 2,5 mil volumes de mercadorias no principal camelódromo de Londrina. Os dois órgãos cumpriram mandados de busca e apreensão nos 316 boxes (lojas). Os proprietários das mercadorias tentaram invadir o camelódromo. A PF teve que usar bombas de efeito moral e balas de borrachas para contê-los. Eles foram protestar no centro da cidade e, assustados, muitos lojistas fecharam as portas.

A Operação Capitão Gancho 2 começou pouco depois das 6h. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Londrina. Cerca de 400 homens da Receita e da PF de vários locais do Brasil participaram. Os comerciantes alegam que quando chegaram para trabalhar foram impedidos de entrar no local para acompanhar o trabalho. Por isso, tentaram invadir.

Para afastá-los, a PF usou bombas de efeito moral, que feriram pelo menos uma pessoa. O presidente da ONG Canaã, que administra o camelódromo, Rogério Gonsales, afirmou que o protesto foi pacífico, mas algumas pessoas se misturaram ao grupo de comerciantes, gerando a confusão. Ninguém foi preso.

O delegado da Receita Federal, Sérgio Gomes Nunes, afirmou que foram recolhidos dez caminhões com brinquedos, produtos de eletrônica e informática, artigos de vestuário e CDs e DVDs. Os produtos foram avaliados em R$ 3 milhões pela Receita. O material de cada box foi separado e, a partir da semana que vem, os comerciantes serão notificados para acompanhar a abertura das caixas. ?Quem tiver nota fiscal pode retirar os produtos sem problemas?, disse o delegado.

Depois de serem dispersados pela PF, os comerciantes fizeram protestos em ruas centrais e no principal terminal de ônibus de Londrina. Eles chegaram a invadir um shopping. Por causa disso, muitos lojistas fecharam as portas durante todo o dia. A PF deixou o camelódromo por volta das 16h.

Os manifestantes também foram protestar na Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), que tem se posicionado contra a venda de produtos contrabandeados. ?Eles subiram até o andar da associação, mas nós conseguimos trancar a porta antes. Eles quebraram placas e corrimões e tentaram arrombar a porta. Só saíram quando a polícia chegou?, contou o gerente da Acil, Wilson Battini.

Prejuízos

Os proprietários dos boxes entraram no camelódromo por volta das 17h para avaliar os prejuízos. Segundo o presidente da ONG Canaã, a PF quebrou portas e prateleiras. ?Eles foram muito drásticos porque muitas pessoas têm nota fiscal. E todo mundo tem alvará. Amanhã (hoje), vamos arrumar o que foi quebrado e voltar a trabalhar. Nem que tenhamos que fazer uma vaquinha para vender frutas?, lamentou.

O Ministério Público Federal informou que era contra a operação ?da forma como ela foi feita?. O prefeito de Londrina, Nedon Micheleti (PT), vai pedir que a Receita devolva as mercadorias apreendidas e informou que o programa Casa Empreendedor ?poderá disponibilizar financiamento para a recomposição do fluxo de caixa e de estoques dos lojistas?.

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