Os comerciantes do camelódromo de Londrina voltaram ontem às ruas do centro da cidade para protestar contra a operação Capitão Gancho 2, da Receita e Polícia Federal, que apreendeu as mercadorias dos 316 boxes do local na última quinta-feira. Cerca de cem pessoas caminharam até a frente do camelódromo. Eles pediram que os comerciantes fechassem as portas das lojas em apoio ao protesto, mas não houve confusão. Ontem o camelódromo ficou fechado. Os comerciantes pretendem reabrir as lojas na segunda-feira.
?Ficamos sem ter como trabalhar. E isso que aconteceu também é uma retaliação da Acil (Associação Industrial e Comercial de Londrina). Eles têm feito campanhas contra nós?, afirmou o predidente da ONG Canaã, responsável pela administração do camelódromo, Rogério Gonsales. Ele informou que os comerciantes farão novos protestos hoje. Segundo ele, a confusão na última quinta-feira foi causada porque pessoas de fora se infiltraram entre os camelôs. ?Isso não deve se repetir?.
A Receita e a PF, com mandados de busca e apreensão expedido pela Justiça Federal de Londrina, apreenderam cerca de 2,5 mil volumes de mercadoria no camelódromo, retirados em dez caminhões-baú e avaliados em R$ 3 milhões. A operação, de combate ao contrabando e descaminho, começou no início da manhã e quando os comerciantes chegaram ao local houve protestos. À tarde, a PF usou bombas de efeito moral para afastá-los. Duas pessoas ficaram feridas.
O presidente da Acil, Rubens Benedito Augusto, explicou que a Acil vem denunciando o contrabando porque isso está atrapalhando o comércio legal de Londrina. Ele garantiu que a Acil não entrou na Justiça para pedir ações contra o camelódromo, mas disse que participou de reuniões com a Receita e a PF para combater esse tipo de crime. Somente este ano, a Receita já apreendeu cerca de R$ 16,5 milhões em mercadorias contrabandeadas ou falsificadas em Londrina. Este valor já superou as apreensões de todo o ano passado, que somaram cerca de R$ 10 milhões.
Mercadorias
O delegado da Receita Federal de Londrina, Sérgio Nunes, informou que funcionários do órgão passaram o dia de ontem se organizando para começar a receber os camelôs que queiram recuperar sua mercadoria a partir de segunda-feira. Os comerciantes já estão sendo notificados. Nunes estima que o trabalho deve durar dois meses, já que a Receita receberá dez comerciantes por dia. Segundo o delegado, 90 comerciantes que alegaram ter nota fiscal na hora da operação já fizeram cadastro para recuperar a mercadoria. ?Isso prova que eles puderam acompanhar o trabalho?, salientou.