Maternidade

Câmara mantém vetos do prefeito em lei que autoriza doulas no parto

Sob protestos, a Câmara de Curitiba manteve os vetos do prefeito Gustavo Fruet (PDT) à lei municipal 14.824/2016, que autoriza a presença de doulas durante o trabalho de parto, o parto e o pós-parto imediato nas maternidades de Curitiba. A partir de 17 de julho, a chamada Lei das Doulas entrará em vigor sem os parágrafos 1º e 2º do artigo 1º, barrados pelo chefe do Executivo sob alegação de contrariedade ao interesse público.

Por 18 votos a 13, foi excluído da lei o parágrafo 1º que estabelecia que as doulas devem ter curso para essa finalidade, sem necessidade de formação na área de saúde. Já o parágrafo 2º, que citava que a doula não impede a presença de um acompanhante indicado pela parturiente, foi derrubado por 18 votos a 12.

Autor da lei, o vereador Colpani pediu a derrubada dos vetos parciais. “Com eles a lei não tem como existir. Então, pega e rasga o papel”, reagiy. “Com isso os hospitais poderão exigir formação [superior] na área da saúde além do curso de doula, o que é desnecessário e inviabiliza o acompanhamento, e que a mulher escolha entre a doula e o acompanhante”. Professora Josete (PT) citou que o Centro Médico Comunitário Bairro Novo e a Maternidade Victor Ferreira do Amaral têm “experiências muito positivas”, pelo Sistema Único de Saúde (SUS): “As doulas entram no centro cirúrgico e a presença delas não substitui o acompanhante familiar”. Felipe Braga Côrtes (PSD) votou a favor dos vetos, mas defendeu a realização de uma audiência pública para debater temas como a formação das doulas.

Divergências

Simone Peruzzo, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren-PR), afirmou que os enfermeiros não são contra as doulas e que a lei é uma conquista, mas destacou que o veto era necessário. “Somos a favor do parto humanizado e contra o modelo de parto cirúrgico, adotado nas últimas décadas. Portanto, defendemos a revisão desse sistema, mas isso depende de uma mudança cultural”.

Nitiananda Fuganti, doula e integrante do movimento Bem Nascer, prometeu honrar o compromisso em aumentar a qualificação das doulas. Fernanda Batista, doula há cinco anos, argumentou que a lei ficou “caduca” e enfraqueceu o trabalho da categoria. “Do jeito que ficou, vai ferir o direito da gestante, pois ela terá que escolher entre ter o acompanhamento da doula ou de um familiar”.

Antonio Paulo Mallman, diretor da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná, acredita que os vetos não vão impedir o trabalho das doulas. Ele explicou que a entidade é favorável a este acompanhamento e tem atuado no fortalecimento do parto humanizado. Mas defendeu que, para atuar no centro cirúrgico, as doulas passem por cursos de formação.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo