Os catadores de papel cujos carrinhos são puxados por tração humana – os carrinheiros – são o alvo de um projeto de lei na Câmara dos Vereadores que está provocando amplo debate. Ontem à noite, em uma reunião envolvendo lideranças políticas e representantes dos catadores, foram ouvidas várias opiniões, para que o texto proposto pelo vereador Reinhold Stephanes Júnior (PMDB) seja levada à votação.

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A proposta, em resumo, consiste na padronização dos carrinhos utilizados, destinando as laterais para anúncios publicitários. Esses carrinhos seriam dados aos catadores que fizessem o cadastro e receberiam uma porcentagem desses anúncios. "Uma vez cadastrado e usando o carrinho com o anúncio, esse catador teria acesso a uma quantia mensal de dinheiro, referente à circulação do anúncio pela cidade", diz Stephanes.

O ponto polêmico do projeto diz respeito a um mecanismo existente desde que a atividade de carrinheiro tornou-se meio de subsistência: a existência dos depósitos. "Grande parte dos catadores não só utiliza o carrinho emprestado como também vive nos depósitos espalhados pelos bairros da capital. Se eles usarem o carrinho autorizado, possivelmente não vão ter onde morar, arranjando outro problema para esses trabalhadores", afirma o vice-presidente do Clube das Mães da Vila das Torres, Timóteo Borges de Campos. Justamente em função desta questão, o líder comunitário acredita que o projeto só realmente valerá a pena se envolver os donos de depósito.

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