Caixas longa-vida se transformam em telhas

As caixas longa-vida, usadas para armazenar produtos como leite, não estão mais indo direto para o lixo. Além do papel, retirado para a reciclagem, a parte interna da embalagem, feita de alumínio e plástico, está sendo aproveitada na fabricação de telhas para casas, barracões, aviários e garagens.

Segundo Antônio Emiliano Leal da Cunha, dono da fábrica de telhas Ibicunha em Marialva, no interior do Paraná, a tecnologia usando o resíduo de caixas longa-vida existe há cerca de 10 anos. Foi desenvolvida na Alemanha como isolante térmico e acústico. “Depois um brasileiro trouxe a tecnologia para cá e desenvolveu a telha”, conta. Cunha compra o material em fábricas que, depois de tirarem o papel, jogavam fora o resto das caixas.

Ele afirma que as telhas produzidas com alumínio e plástico são muito resistentes, inclusive não quebram com chuvas de granizo. Elas também servem como isolante térmico, pois deixam a temperatura dentro do local mais amena, podendo ser utilizado em lugares que precisam de refrigeração. A tecnologia ainda permite que a telha tenha a metade do peso de uma produzida com amianto e pode também ser utilizada como isolamento acústico. “O preço dela (cerca de R$ 10 por metro quadrado) é muito similar ao de outras telhas. A economia está na construção de uma estrutura de ferro ou madeira menor, porque elas pesam menos, além da facilidade e rapidez”, comenta Cunha.

Ele explica que não é usado qualquer agente químico no processo de fabricação, que dura cerca de duas horas. “A quantidade certa do alumínio e de plástico é que dá a qualidade do produto”, diz. Quando o material é comprado, vem com 5% de papel sobrando. Mas, segundo Cunha, isso não influencia no processo nem permite a infiltração de água. Na montagem, as telhas são sobrepostas e parafusadas.

De acordo com ele, a demanda do mercado é maior do que a produção, em todo o Brasil. As telhas não são vendidas em lojas, apenas em encomendas acertadas direto com as fábricas. A demora de um pedido está entre 30 e 45 dias. “Assim que termina de ser feita, a telha já é vendida. Isso é ruim porque não atinge a população em geral, que quer comprar para construir a sua casa”, aponta. A fábrica de Cunha está funcionando desde fevereiro de 2003, e ele não pretende ampliar os seus negócios, por causa da burocracia em abrir e manter uma empresa no País. Mesmo assim, está pensando ter participações de uma fábrica de telha com essa tecnologia em outra cidade do Estado.

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