Cães com paralisia de membros estão conseguindo voltar a andar e até têm suas vidas prolongadas com o uso de “cadeiras-de-rodas”. O escritor Yves Hublet, que constrói esse tipo de carrinho, já atendeu, em quatro anos, mais de cinqüenta clientes, alguns vindos de outros Estados. “São criadores, veterinários e pessoas que têm estimação por pequenos animais, e que não querem sacrificá-los somente porque deixaram de andar”, explica.
Na verdade, a criação do equipamento que vem melhorando a vida de cachorros e gatos não foi por acaso. Yves se diz frustado por nunca ter um cãozinho, pois sempre morou em apartamentos. Além disso, na década de 70, quando morava no Rio, foi sócio de um tablóide ? Atualidades caninas e veterinárias. O contato com criadores e veterinários fez com ele descobrisse o quanto era doloroso para os proprietários de pequenos animais perder os bichinhos que deixavam de andar. Até que um conhecido seu, dono do cão Tandy, da raça pincher, que havia sido atropelado, improvisou um carrinho para o cachorro. “Como ele não se interessou pelo invento, eu resolvi aperfeiçoar o modelo e hoje trabalho com isso”, relata Yves. Desde os primeiros modelos de andadores para cães e gatos, muita coisa foi aperfeiçoada por Yves e hoje, eles contam até com tapetes para não machucar as patinhas. Feitas com alumínio, rodas e padiola para apoiar peito e a barriga, as cadeiras-de-rodas são destinadas a pequenos animais com problemas neurológicos, acidentados, atropelados ou que sofreram algum tipo de traumatismo, como briga com cães maiores.
Segundo o idealizador, existe uma empresa em Botucatu (SP) que faz um carrinho ortopédico diferente do seu. “A idéia é dar conforto para o animal, por isso tem uma padiola para o peito e barriga”, ressalta. Algumas vezes, a alternativa não permite subir escadas, mas pequenos degraus são contornados facilmente pelo animal.
Um exemplo de sucesso é o cãozinho Conhaque, um lasa apso que teve a coluna e os membros estraçalhados por um rottweiller. “Quando eu examinei o Conhaque, ele estava como uma lagartixa, nem conseguia se arrastar”, conta. Somente depois de algum tempo, ele criou um andador diferente, de quatro rodas, o qual permitia o cãozinho tocar levemente o chão. “Era um carrinho de bombeiro, que tinha que ser puxado, pois ele estava tetraplégico.” O caso chegou até a ganhar destaque na mídia, pois depois de dois meses usando a cadeira, Conhaque voltou a andar, correr e pular. A médica veterinária Suely Rodaski chegou a declarar que “o carrinho serviu de apoio sob o ponte de vista fisiológico, neurológico, mas também foi importante no aspecto psicológico”.
Atualmente, Yves recebe encomendas dos andadores até por fax. Para isso, é necessário especificar altura e comprimento do animal, pois os carrinhos são feitos sob medida. O preço varia conforme o porte do cachorro. Tamanho pequeno custa R$ 200,00, médio R$ 250,00, grande R$ 350,00 e extra-grande R$ 400,00. Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone (41) 345-2272.