Cachaça é mais um produto típico de Morretes

O barreado e a bala de banana não são os únicos produtos típicos de Morretes, no litoral do Estado. A cidade também vem ficando famosa pela fabricação de cachaça, sendo que a atividade já é considerada um atrativo turístico. A produção anual é de 100 mil litros da bebida, preparada em um total de 15 engenhos.

Anderson Tozato
Sueli Gnatta: quarta geração e primeira mulher na produção.

Um dos mais famosos é o moinho Engenho da Serra, localizado na região do Marumbi e comandado, há exatos 101 anos, pela família Gnatta, de origem italiana. O local produz 10 mil litros por ano de cachaça de cana e é considerado o mais antigo engenho do Paraná ainda em funcionamento.

“Também somos o único moinho não elétrico de Morretes, movimentado por roda d’água. O negócio foi iniciado em 1910, por meus bisavós, que vieram da Itália em 1891. Passou para meus avós, depois para meus pais e agora para mim. No futuro, espero que seja tocado por um de meus filhos, sendo que o mais novo já vem demonstrando interesse em dar sequência à atividade”, diz a proprietária do engenho, Sueli Gnatta, que é a primeira mulher na família a produzir cachaça.

A bebida fabricada no Engenho da Serra é feita apenas com cana produzida na cidade de Morretes. A qualidade da cana, assim como a temperatura de cada localidade, é o que diferencia a cachaça produzida em uma determinada região de outra.

“Em nosso moinho, a cana é moída em moenda de ferro, vai para fermentação, onde fica de três a cinco dias, é levada para destilação em alambiques e depois para tonéis de envelhecimento, já estando pronta para consumo”, explica Sueli.

Anderson Tozato
Barreado tem mais uma companhia entre itens tradicionais da cidade.

Safra

Cada tonelada de cana gera cem litros de cachaça. A safra em Morretes acontece entre os meses de junho e dezembro, quando a cana é considerada de melhor qualidade para a produção da bebida.

A cada ano, a primeira cachaça produzida no moinho não é aproveitada, pois tem entre 65% e 75% de álcool. “Esta primeira cachaça acaba sendo usada para esterilizar materiais que temos no restaurante que mantemos ao lado do engenho”, afirma.

O estabelecimento também é chamado Engenho da Serra, funciona em uma casa com mais de 100 anos de construção e tem capacidade para atender 130 pessoas, estando aberto para almoço nos sábados, domingos e feriados.

A cachaça considerada boa, segundo Sueli, tem entre 38% e 45% de álcool. Além de ser vendida pura, no Engenho da Serra o produto também é comercializado com sabores de frutas naturais, como banana, figo e limão siciliano.

As garrafas custam entre R$ 10 e R$ 50, sendo a mais cara a que tem um rótulo alusivo ao centenário do engenho, com foto dos fundadores do local. “Nossa cachaça é vendida exclusivamente em Morretes. Porém, outros produtores da cidade enviam seus produtos para outros estados e mesmo para o exterior. A cachaça de Morretes já foi comercializada até no Canadá”, frisa.

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