A produção artesanal de cachaça de alambique está rendendo um dinheiro extra no orçamento de 21 famílias assentadas no acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Santa Maria, em Paranacity, na região noroeste do Paraná. O produto já é comercializado desde 2002 e gera, anualmente, uma renda média de R$ 50 mil às famílias do assentamento.

continua após a publicidade

A produção da cachaça começou em 2002 e, pelo sucesso do produto final, foi crescendo até ser legalizada em 2005. “Nós começamos a fazer produtos derivados da cana de açúcar.

Como as famílias de alguns trabalhadores da comunidade já tiveram a experiência em produzir cachaça no passado, adaptamos um alambique e fomos produzindo aos poucos até chegar onde estamos”, conta o membro do Conselho Administrativo do Assentamento Santa Maria, Valdir Stronzake.

De acordo Stronzake, 90% da produção anual (19 mil litros) é vendida no Brasil, já o restante é exportada para dois países da Europa. “Nossa cachaça é dividida em dois produtos iguais. A Camponesa, que é vendida no Brasil e na França, e a Liberação, que é exportada apenas para a Espanha”, diz.

continua após a publicidade

A cada garrafa de cachaça vendida no Brasil, o assentamento recebe R$ 4,50. Já o produto vendido para exportação gera R$ 6 aos sem terra. “Esse é o valor que recebemos sem impostos, o que acrescenta cerca de 40% a mais no preço final”, diz.

Com isso, cada família que participa na produção e venda da cachaça recebe em torno de R$ 900 por mês. “Esse é o valor liquido, depois de descontado o que cada família consome e gasta no assentamento. Esse valor também varia de acordo com a contribuição de cada um na produção. Como trabalhamos no sistema coletivo, tudo o que produzimos tem um custo, então, após a venda, temos que pagar esses gastos. O que sobra é repassado aos produtores”, explica.

continua após a publicidade

No entanto, segundo ele, a maior dificuldade enfrentada pelos produtores de cachaça do assentamento é a concorrência com os grandes produtores. “Nesse ramo, as indústrias são as que mais nos prejudicam. A cachaça industrial é mais barata, mas tem qualidade inferior, por isso perdemos mercado para as marcas mais famosas. Poderíamos até aumentar a produção, mas sabemos que não teríamos retorno esperado”, avalia.

Além de produzir e vender a cachaça, o assentamento comercializa açúcar mascavo e melado de cana, ambos vendidos em todo o Brasil. “Participamos de feiras para fazer divulgação e aumentar o número de compradores no País. A cachaça e o melado de cana são os produtos mais procurados”, orgulha-se.

O grupo também produz, de maneira ecológica e sem produtos químicos, leite, hortaliças e legumes, mas, de acordo com Stronzake, a maior parte dessa produção é consumida pelas próprias famílias do assentamento.