O som alto das buzinas dos trens que cortam a capital podem acarretar problemas físicos e psicológicos aos moradores. A conclusão é do analista técnico da Gerência de Segurança e Saúde do Trabalho do Serviço Social da Indústria (Sesi-PR), Washington Luiz Simas.
Segundo ele, a poluição sonora pode afetar diretamente a saúde de quem fica constantemente exposto a ela. “Acordar mais cedo do que o previsto pode acarretar em problemas psicológicos, além do aumento da fadiga mental”, diz.
A assistente administrativa Larissa Mondini Wagner conta que é constantemente acordada pela buzina do trem, que passa em frente ao prédio onde mora, no Hugo Lange, por volta das 5h45. “Depois, durante o dia, eu fico mais cansada do que o normal”, diz.
Simas afirma que uma buzinada depois das 22h, quando a maior parte da população economicamente ativa se prepara para dormir, pode agravar os efeitos da poluição sonora.
“Se a pessoa estiver entrando em sono profundo e desperta subitamente, isso pode desencadear problemas ligados ao sistema nervoso, que posteriormente ocasionam outras patologias”, explica.
Segundo Simas, o mesmo pode acontecer durante o dia, em pleno expediente. O analista conta que, para que um ambiente possa ser considerado confortável, o nível de ruído não pode passar de 60 decibéis. No entanto, em um escritório a menos de 200 metros de uma linha férrea, o som do apito de um trem pode chegar aos ouvidos a 90 decibéis.
De acordo com a América Latina Logística (ALL), que detém a concessão da linha que corta a capital e passa pelo bairro Hugo Lange, o horário limite estabelecido para aquele ponto é das 5h à meia-noite. A empresa ressalta que trabalha com previsão de carregamento junto aos clientes, de forma a evitar transgredir o horário pré-estabelecido.
Segundo o arquiteto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) Luiz Hayakawa, o projeto do Plano Diretor Multimodal prevê, além da implantação de sistemas de transportes, a retirada das linhas férreas do meio urbano.
Segundo ele, o projeto já foi aprovado pelo Ministéiro dos Transportes e aguarda a publicação do edital de licitação para contratar estudo técnico de viabilidade sócioeconômico e ambiental.