Buschmann, triatleta dos mais idosos do mundo

Porto União – Entusiasmo e dedicação revelam a personalidade do triatleta de 72 anos, Adir Buschmann, único brasileiro classificado na categoria de 70 a 99 anos para participar do Mundial de Ironman, que acontece no dia 16 de outubro, na ilha de Kailua-Kona, no Havaí, Estados Unidos. A competição será disputada por aproximadamente 1500 atletas.

Seu Dico, que mora em Porto União, Santa Catarina, é um dos triatletas mais idosos do mundo. No circuito Ironman Brasil Telecom, prova que classificou 50 atletas em Florianópolis, no dia 29 de junho para participar do Ironman no Havaí, somente ele foi classificado na categoria Masculino de 70 a 99 anos, chamada de M7099. Recentemente, também em Florianópolis, no dia 12 de setembro, seu Dico, conquistou o 2º lugar na IV Maratona de Santa Catarina, categoria de 70 a 74 anos. A prova, com percurso de mais de 42 mil metros, foi concluída por ele em 4h08. Esse foi um “treinamento”, como diz seu Dico, para o Ironman no Havaí.

Aliás, treino é o que não falta na sua rotina, carregada de energia. Buschmann realiza, diariamente, 30 a cem quilômetros de ciclismo, dois a três quilômetros de natação e cinco a 20 quilômetros de corrida. “Faço um triathlon por dia”, conta. “Eu inventei meu tipo de corrida e meu tipo de alimentação”, explica. Esse é outro aspecto que denuncia suas particularidades. Seu Dico não tem nenhuma orientação nutricional, psicológica ou de treinamento e, no entanto, das sete provas de Ironman que participou, venceu seis. A Maratona de Florianópolis 2004 foi sua 21.ª maratona.

Baterias carregadas, com quilômetros

Parece que ele recarrega as baterias a cada segundo, pois sempre está se movimentando. Como é comerciante, aproveita as horas em que confecciona redes de pesca, para dar umas pedaladas na bicicleta ergométrica. “Posso não ser melhor, mas sou o mais dedicado dos atletas que existem”, brinca. Seu Dico diz ter disposição o suficiente para treinar e trabalhar o dia todo e ainda não ter vontade de dormir, às 01h da madrugada. “Há duas coisas que eu tenho demais: idade e energia”, diverte-se. Nos dias de chuva, quando não pode treinar, fica subindo e descendo as escadas de seu estabelecimento comercial. “Subo e desço 35 degraus umas trezentas vezes quando chove”, revela.

Sua paixão pelo triathlon surgiu quando tinha quase 60 anos. Até essa idade era jogador de futebol, mas se machucou e começou a fazer ciclismo, por determinação médica. Foi então incentivado a participar de uma competição de triathlon e gostou da idéia. “Tenho biotipo de atleta, é de natureza, um dom, a pessoa tem que usufruir o que possui”, acredita.

Idoso triatleta vira tese de mestrado

Todas as particularidades de Adir Buschmann chamaram a tenção do professor de Educação Física, Patrick Ramon Stafin Coquerel, da Unidade de Ensino Superior Vale do Iguaçu (Uniguaçu), de União da Vitória. Coquerel está realizando um estudo de caso avaliativo baseado em seu Dico. O estudo chama-se Perfil Bio-psico-social de Idoso Triatleta e resultará na tese de mestrado do professor. A coleta de dados acontece no Laboratório de Fisiologia do Exercício da Uniguaçu. “Uma das coisas que se tenta identificar são quais aspectos contribuem para o sucesso nas provas, pois ele não possui nenhuma espécie de orientação profissional, uma das coisas que chamam atenção”, ressalta o professor. O estudo do professor é apenas de observação, não realizando nenhum tipo de atividade de intervenção. “Ele desenvolveu sua forma de treinar, manifestando autodidatismo para o treinamento desportivo”, analisa Coquerel.

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