A brincadeira de criança já não é mais a mesma nos dias de hoje. Saem as propostas de apenas diversão e entram assuntos sérios, como meio ambiente e sustentabilidade.
A indústria de brinquedos começou a investir em produtos que trazem a preservação, tanto nos temas quanto nos materiais utilizados para fabricação. Os blocos de montar são feitos com madeira de reflorestamento, por exemplo. Caixas de jogos já vêm sem o plástico que protege externamente a mercadoria e que é jogado no lixo assim que a criança abre a embalagem.
A união dos materiais recicláveis com a proposta de falar sobre sustentabilidade de maneira lúdica pode internalizar novos conceitos nas crianças e adolescentes, que transportam o que aprendem com a brincadeira para o dia a dia.
Segundo a psicóloga escolar Irse de Araújo Ferreira, das escolas de educação infantil Pequenos Autores e Caminhos do Saber, já é possível perceber que a indústria trabalha com esta onda de sustentabilidade, mostrando a necessidade de preservação.
O mesmo estímulo pode vir da construção de brinquedos com sucata e materiais recicláveis. “A gente vê o quanto as crianças valorizam os brinquedos que constroem e falam em reciclagem daquilo que elas usaram. Assim valorizam mais a natureza”, explica.
A Estrela, uma das empresas mais tradicionais no setor de brinquedos, está apostando na sustentabilidade. Além de não colocar mais o plástico que embala os produtos para protegê-los (agora a caixa é presa apenas com adesivos), a sustentabilidade virou tema de jogos.
O Banco Imobiliário ganhou uma versão sustentável, na qual é possível acessar áreas de preservação por meio de créditos de carbono. O jogo não tem mais as notas de dinheiro.
As cartas do Sorte ou Revés punem quem não cuida do planeta. A parte física do jogo, como os cartões e o tabuleiro, é feita de material reciclável. “Historicamente o brinquedo é o espelho da sociedade. Frequentemente reunimos as crianças (para estudos sobre público e lançamento de novos produtos) e um dos temas mais recorrentes já na juventude é a preocupação com o ambiente, com a sustentabilidade”, afirma Aires Fernandes, diretor de marketing da Estrela.
O Banco Imobiliário Sustentável foi comercializado inicialmente apenas em uma rede de lojas e neste mês deve ser distribuído para os principais estabelecimentos do ramo em todo o País.
A Estrela também lançou um outro jogo com um tema ambiental, O novo mundo, que traz perguntas sobre aquecimento global. Nas lojas ainda é possível encontrar o jogo Sustentabilidade, da Toyster. Também estão à disposição dos clientes brinquedos confeccionados com madeira proveniente de reflorestamento.
Os consumidores já estão mais atentos ao assunto e entram nas lojas preocupados com o meio ambiente, segundo Mário Honorato, diretor de marketing das lojas de brinquedos Ri Happy.
Um exemplo disto é levar o produto para casa sem a sacola de plástico. Quanto à quantidade de brinquedos com um viés ambiental ou de sustentabilidade, ele considera que ainda há poucos no mercado. “As empresas estão se movimentando. Acredito que em um curto espaço de tempo teremos uma quantidade bem maior”, declara.
