Foto: Allan Costa Pinto |
Sul continua predominantemente branco e concentrando população com mais de 60 anos. continua após a publicidade |
A população brasileira está envelhecendo, constituindo famílias menores e, em contrapartida, aumentando seu rendimento mensal médio gradualmente. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2006, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo também mostra um panorama da educação e do mercado de trabalho, destacando aumento do número de crianças na escola, migração da atividade agrícola para a urbana e mais trabalhadores com carteira assinada na maior parte das regiões. Outra constatação é que especialmente a população de baixa renda vem se beneficiando da aquisição de bens duráveis, como telefone celular.
O IBGE pesquisou cerca de 410 mil pessoas residentes em mais de 145 municípios. Os resultados dão conta de ligeira diminuição na média de filhos por mulher (2 nascimentos em 2006 contra 2,1 em 2005) e menos pessoas por domicílio e por família (médias de 3,4 e 3,2 pessoas em 2006, respectivamente). Destaque para o contraste entre as regiões Norte e Sul. Na primeira, 44% dos domicílios tinham até 3 habitantes quando feito o levantamento, contra 61% no Sul.
A pesquisa mostrou ainda que o Sul continua predominantemente branco – 80% da população – e, junto com o Sudeste, concentra a maior parte dos brasileiros com mais de 60 anos. O brasileiro também estaria migrando mais. Os dados dão conta de que 40% da população não nasceu na cidade ou no estado em que vive. Em uma ponta, Roraima apresenta 51,8% de moradores não-naturais, enquanto o Rio Grande do Sul, na outra, tem apenas 3,8%.
Renda
Se comparado com 2005, o rendimento mensal médio das pessoas ocupadas no Brasil aumentou em 7,2% em 2006, passando de R$ 824 para R$ 883. É o maior crescimento desde 1995. O IBGE o atribui ao ganho real do salário mínimo, de 13,3% em 2006 frente a 2005. Os maiores ganhos foram na região Nordeste (12,1%) e os menores, no Centro-Oeste (4,9%). A recuperação ainda não alcança a média histórica (R$ 975 em 1996), mas, de acordo com o IBGE, esse patamar mais alto foi alcançado e superado entre os 50% de pessoas ocupadas que ganhavam menos.
As mulheres continuam com salários menores, embora a diferença em relação aos homens venha diminuindo. Hoje, elas têm 65,6% do rendimento deles, contra 58,7% em 1996, com médias salariais de R$ 998 e R$ 714.
Atrelado a isso (e à facilidade em obter crédito) está o incremento na aquisição de bens de consumo, especialmente o telefone celular (que em boa parte das famílias com menor poder aquisitivo veio a substituir o fixo), da televisão (que pela primeira vez ultrapassou o rádio, com exceção do Sul) e do computador, que em 2001 estava presente nos lares de 12,3% dos entrevistados e, no ano passado, já era constatado em 22,4% deles.
Cresce número de estudantes no País
Na educação, a Pnad destaca a continuidade na elevação do número de estudantes nos últimos dez anos, atingindo média nacional de 97,6% das crianças entre 7 e 14 anos matriculadas em escolas. O maior índice é encontrado em Santa Catarina (99%), contrastando com Acre e Alagoas, com taxas de 94% e 95,9%. O Sul se destaca como a região que mais evidenciou queda no número de adolescentes entre 15 e 17 anos que não freqüentavam a escola: de 34% em 1996 para 19,3% em 2006.
Apesar de as faixas etárias acima dos 18 anos terem acesso bem mais restrito aos estudos (principalmente a partir dos 25), o IBGE apurou aumento considerável no acesso ao ensino superior, de 13,2% entre 2005 e 2006, com destaque para a expansão na rede privada.
A pesquisa evidencia ainda a continuação da queda nas taxas de analfabetismo e analfabetismo funcional (embora estes componham ainda 23,6% da população), chamando atenção para a concentração de ambos nas regiões Norte e Nordeste e, ainda, entre a fatia populacional com idade mais avançada.
Mulher ganha espaço no mercado de trabalho
Foto: Allan Costa Pinto |
Fabiana Krainski trabalha num posto de gasolina de Curitiba. |
No mercado de trabalho, as mulheres continuam aumentando em número, principalmente as mais escolarizadas. Em 2006, elas já somavam 42,6 milhões. A atividade agrícola, por outro lado, vem sofrendo perdas consideráveis: mais de meio milhão de pessoas deixaram de trabalhar no campo no período de um ano, totalizando, em 2006, 17,2 milhões de trabalhadores rurais.
A maior queda foi no Nordeste, que concentra a maior parte dessa mão-de-obra (de 36,1% da população ocupada em 2005 para 33,8% em 2006). A construção, em contrapartida, está entre os segmentos que mais cresceram em número de trabalhadores entre 2005 e 2006. O setor de serviços, seguindo a tendência, continua como o que congrega maior percentual de trabalhadores (42%).
Carteira
A carteira assinada também aumentou em 4,7% entre 2005 e 2006, totalizando 30,1 milhões de trabalhadores nessa situação no ano passado. A taxa de desocupados, por outro lado, diminuiu no Brasil de 9,3% da população ativa em 2005 para 8,4% em 2006.
O trabalho infantil também diminuiu em todo o território nacional, segundo a pesquisa. Em 2006, crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos somavam 5,1 milhões no País, 0,7% a menos que no ano anterior e 7,2% a menos que em 1995. O Sul, entretanto, foi a segunda região a apresentar mais pessoas nessa faixa etária em situação de trabalho: 13,6%, perdendo apenas para o Nordeste, com 14,4%. A maior parte dessas crianças está concentrada na atividade agrícola e trabalha junto com as famílias.