A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que um país com mais de 7% de população idosa já é envelhecido. Sendo assim, o Brasil pode ser considerado um “país de idosos”, pois eles já respondem por 9% da população. A previsão é de que em cerca de vinte anos essa participação salte para 16%, passando a ocupar o sexto lugar do mundo em idosos.

Apesar das estatísticas, a sociedade não está preocupada com o atendimento e entendimento dessa população, que muitas vezes padece nas filas do Sistema Único de Saúde (SUS), é maltratada pela família ou pelas condições financeiras, os obrigando a pedir esmolas nas ruas. Esse retrato, facilmente observado nas ruas, mostra uma contradição entre os avanços tecnológicos e a falta de consciência da sociedade. “Enquanto a medicina e a ciência procuram novas tecnologias e métodos para prolongar a vida, a sociedade não está preparada para o número de idosos que vem aumentando”, analisa o médico Luiz Antônio da Silva Sá, coordenador do curso de pós-graduação em Gerontologia do Centro Nacional de Educação Avançada (CNEA).

O curso, que terá início em julho deste ano, visa justamente preparar os profissionais graduados em Psicologia, Medicina, Nutrição, Serviço Social, Fisioterapia, Enfermagem, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e áreas afins. Segundo ele, falta conhecimento do envelhecer e da velhice. E, se por um lado os idosos sofrem com isso, por outro os profissionais que se especializarem nesse tipo de atendimento terão um nicho de mercado crescente.

Sá ressalta a importância de valorizar um atendimento “biopsicossocial e econômico”, que englobe a melhora da situação econômica e da qualidade de vida do idoso. Segundo ele, atualmente, a expectativa de vida está entre sessenta e setenta anos, enquanto há cinco décadas era de quarenta anos. Mas, se melhoraram as condições de saúde, agora é preciso acompanhar esse processo, proporcionando ao idoso maiores oportunidades. Um exemplo típico é que a oportunidade de trabalho acima de quarenta anos é cada vez mais difícil. “Nos países europeus, a estrutura de atendimento geriátrico é melhor. No Brasil, ainda há muito preconceito”, compara.

O curso para profissionais de nível superior com interesse no estudo científico da velhice e do envelhecimento irá permitir o conhecimento do perfil do idoso. “Falta lazer e as condições financeiras são precárias, embora nas classes mais baixas eles é que sustentam a famílias”, define.

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