Apesar de deter a maior biodiversidade do planeta, o Brasil não realiza pesquisas, tem uma legislação deficiente e incompleta e não gera dividendos com a venda de produtos fitoterápicos in natura. Essas foram algumas das constatações que os participantes do Seminário de Debates sobre Naturologia e Ciências Afins expuseram ontem, na Assembléia Legislativa, em Curitiba. O evento foi organizado pelo Sindicato de Naturologia para se chegar numa proposta de regulamentação técnica, produção e comercialização desses produtos.
De acordo com o pesquisador e gestor da Organização das Nações Unidas (ONU) em plantas medicinais, Javier Villanova, a Alemanha, com uma biodiversidade 900 vezes menor que o Brasil, vende 10 vezes mais de produtos medicinais fitoterápicos. ?Ao contrário do que se pensa, o Brasil não é um grande exportador de ervas medicinais. Trata-se de um dos maiores importadores do mundo.?
Para o pesquisador, falta ao País desenvolver leis que favoreçam esse mercado, apesar da grande tradição da utilização desses produtos no Brasil. ?As plantas medicinais são patrimônios brasileiros que devem ser aproveitados?, diz. Para o reitor da Universidade Aberta de Ensino Livre (Uniabel), Jomar Cunha, o setor no País esbarra na falta de profissionais especializados e sérios. ?Criamos a Associação Brasileira de Bioterapia, com a proposta de regulamentar a atuação dos profissionais e evitar choques entre as diferentes áreas médicas?, conta.
A farmacêutica Anny Trentini destaca ainda a relevância democrática que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) faz dos fitoterápicos. ?Para a OMS, a medicina tradicional ou complementar alternativa é acessível a todos, respeita a tradição local, ajuda no desenvolvimento da biodiversidade e ainda reduz os custos do Estado com hospitais?, afirma. De acordo com a farmacêutica, o Paraná é um dos grandes produtores nacionais, contando com 16 empresas no setor.
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