Bom mesmo é morar na chácara

Neste início de século XXI, em que as pessoas buscam driblar a violência e ter uma vida segura ao lado da família, a melhor opção para quem vive nas grandes cidades e procura um lugar para morar parecem ser os apartamentos. Teoricamente, nestes locais conta-se com um apoio maior de vizinhos, com os serviços de um porteiro que barra a entrada de pessoas estranhas e com o conforto de não se ter uma pessoa batendo na porta sem antes ter sido anunciada.

Porém há quem troque tudo isso pela satisfação de viver longe da poluição, em um ambiente arborizado e espaçoso. Em Curitiba, em bairros um pouco mais afastados da região central, existe uma infinidade de chácaras, onde as pessoas prezam pela qualidade de vida e liberdade.

Há dois anos e meio, a profissional de comunicação e marketing Tatiana Carneiro Ribeiro trocou o apartamento por uma chácara na divisa entre os bairros do Atuba e Tingüi, zona norte. Lá, ela vive com o marido e os dois filhos: Rafael, de cinco anos, e André, de um ano e dez meses. “Mudei para a chácara pensando na saúde de meus filhos: aqui eles podem brincar ao ar livre e ter maior contato com a natureza, não passam o dia trancafiados dentro de casa.”

No local, Tatiana dispõe de árvores frutíferas, tem cachorro e passarinho. “Pudemos projetar nossa casa, construindo-a do tamanho e do jeito que queríamos”, conta, lembrando que há um ano, o irmão dela também resolveu construir sua casa dentro da chácara. “No futuro, meus pais devem vir morar aqui, podendo ficar perto dos netos..”

Vida tranqüila

Nascido no município de Santo Antônio, na região Sudoeste do Estado, Neri Keller veio para Curitiba em busca de melhores condições de vida. Porém, não conseguiu se adaptar à vida agitada da cidade grande. “Tentei duas vezes morar na área central da cidade, mas não consegui me adaptar”, revela.

Sem condições de comprar um terreno próprio, há quase três anos ele resolveu ir trabalhar de chacreiro em uma chácara no bairro Passaúna. Hoje, ele vive no lugar com a mulher e a filha, que tem dez anos de idade. Para Neri, na chácara, a vida é muito mais tranqüila. “Acordamos e, já de manhã, podemos admirar uma bela paisagem e respirar ar puro”, afirma. “Além disso, minha filha pode aproveitar a infância com muito mais liberdade.”

Na propriedade, Neri cultiva morangos, legumes e verduras sem agrotóxicos. No futuro, ele pensa em instalar um galinheiro no local.

Trabalho

Já o casal Nadalina e Severino Ferro, que há trinta anos mora em uma chácara no bairro Santa Felicidade, resolveu unir o útil ao agradável ao decidir utilizar a área da propriedade para fazer uma grande horta. Parte do que é produzido é utilizada para consumo da própria família e a outra parte é comercializada. Eles fornecem as verduras para restaurantes e as vendemos de porta em porta. Algumas pessoas também vão à chácara para adquiri-las.

Os dois contam que a chácara lhes permite reunir os amigos, brincar mais tranqüilamente com os dois netos, de 13 e 9 anos de idade, e levar uma vida mais saudável. “Embora seja trabalhoso cuidar da manutenção da chácara, não gostaríamos de ter que sair daqui”, afirmam. “Temos espaço para fazer grandes festas e reunir toda a família. Prezamos pela qualidade de vida.”

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