Conhecer novas culturas, aprender uma nova língua, reforçar o senso de responsabilidade, mostrar o Brasil lá fora. Estas são apenas algumas das vantagens de participar de uma bolsa de estudos. Seja para as pessoas muito jovens, que ainda nem completaram 18 anos, seja para quem já está terminando a faculdade e tem uma profissão definida, ir para fora de seu país de origem é sempre proveitoso. O conhecimento, segundo eles, é algo que não se perde com o tempo.
O curitibano de 18 anos Nikolas Iubel teve a oportunidade (e o mérito) de ir para os Estados Unidos com uma bolsa da embaixada norte-americana. O objetivo dessa bolsa é que jovens de baixa renda se tornem embaixadores do seu país. Ele passou duas semanas conhecendo órgãos governamentais de Washington e Charlotte (na Carolina do Norte) e disseminando a cultura brasileira. Para o estudante, cujos pais não teriam condições financeiras de custear uma viagem dessas, foi uma das melhores experiências de sua vida. Ele concorreu com outros 66 jovens de Curitiba que também tentaram ganhar a bolsa. Dos seis finalistas, três foram escolhidos. ?Foi fantástico. Percebi que eles queriam gente com muita responsabilidade, pois fizemos várias palestras sobre o Brasil. Lá eles têm a idéia de que são superiores, e nós pudemos mostrar o contrário?, comentou. Agora, Iubel vai tentar outras bolsas até conseguir estudar fora em nível universitário. Mas para garantir a vida, o estudante tentou vestibular na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR): passou em Publicidade e Engenharia Mecânica. ?Mas se eu conseguir ir para fora, largo tudo aqui. Lá eles valorizam muito mais a educação.?
O mesmo privilégio teve o engenheiro eletricista de Curitiba, de 25 anos, Alexandre Cabral. Ele conseguiu ganhar uma bolsa de 600 euros mensais para passar um ano na França, estudando em universidades tecnológicas. Na época (em 2005), Cabral estava no quarto ano do curso de Engenharia Industrial Elétrica – Ênfase em Eletrônica na UTFPR. A bolsa é oferecida pela universidade (custeada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes), em conjunto com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a UFPR. O estudante passa por uma seleção na qual se exigem ótimos conhecimentos da língua francesa.
?Quando comecei a faculdade eu achava que não tinha chances, que era difícil. Mas quando vi que alguns colegas conseguiram, também resolvi tentar?, conta Cabral. Ele revela que foi uma experiência inigualável e que muitas coisas que aprendeu, trouxe para sua prática profissional aqui no Brasil. Mas ele diz que o mais importante foi ?aprender a se virar?. ?Para o meu aprimoramento pessoal ganhei muita desenvoltura e a fazer muitas coisas sozinho, pois aqui vivo com minha família. Você descobre suas fraquezas e do que é capaz. Todas aquelas besteiras de auto-ajuda – que eu achava que eram besteiras – acabaram sendo muito úteis?, brinca. Mas segundo ele, o nível dos estudantes e do ensino não fica abaixo do nível brasileiro. ?Agora penso em fazer mestrado ou doutorado fora.?
Procura alta nas universidades
A maior parte das bolsas de estudo voltadas para estudantes universitários é financiada pela Capes, mas há também aquelas custeadas por embaixadas, escolas, faculdades e também por órgãos e fundações, como o Rotary. O assessor de relações internacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Antônio Carlos Gondin, explica que as universidades públicas normalmente oferecem programas financiados pela Capes. No caso da graduação, o estudante deve ter créditos em todas as disciplinas, o que será acrescentado em seu currículo e contribuirá com a decisão final de viajar ou não. Já com relação à pós-graduação, geralmente há as famosas ?bolsas-sanduíche?. ?Nesse caso ele pode fazer o doutorado aqui, por exemplo, e ir para fora fazer trabalhos de laboratório ou participar de pesquisas que vão servir para a tese?, explica.
Cerca de 5% dos formandos da UFPR acabam indo para o exterior. ?Um número alto para o Brasil, já que a média por aqui é 1%. Porém, se compararmos com os padrões dos países desenvolvidos, estamos muito abaixo?, afirma Gondin. (MA)
