A Boca Maldita é o espaço da correria nos dias de semana e o lugar de lazer de muitos curitibanos quando sábado e domingo chegam. O calçadão da Avenida Luiz Xavier – entre a Praça Osório e a Rua XV de Novembro – se tornou o local para encontrar gente, jogar conversa fora, fazer manifestações, comprar, levar a família para passear. O verdadeiro espaço democrático de Curitiba.
Aos sábados, a Boca Maldita tem a presença garantida dos artistas. Sejam eles pintores, escultores, desenhistas, retratistas… O calçadão se torna uma galeria de exposições ao céu aberto. E, mesmo quem não tem interesse de comprar as peças, acaba parando para admirá-las. A artista plástica Wania Domiciano vai para a Boca Maldita aos sábados para expor as pinturas que faz. A rotina começou há um ano e meio. “A Boca Maldita é uma mostra de toda a população. Vem desde o mais simples quanto o mais sofisticado. Mesmo os mais simples, que não têm condições de comprar, param aqui para olhar e ficam sensibilizadas quanto à arte”, afirma Wania, que por 12 anos foi professora de artes plásticas.
O retratista Vinícius Moraes, que há nove anos trabalha na Boca Maldita, é o responsável por fazer os desenhos de pessoas que querem eternizar suas feições ou as dos familiares. Crianças são os principais modelos aos finais de semana. “Faço mais retratos e caricaturas, além da reprodução de fotos”, conta Moraes, que trabalha essencialmente com o grafite e o carvão. Neste final de ano, a atividade não será exercida apenas aos sábados. Nos dias de semana será possível encontrar Moraes fazendo o retrato de quem estiver interessado.
Delcides Gomes do Nascimento faz a exposição de mandalas na Boca Maldita. As peças, resultado de um mosaico, atraem pelas cores. “Já venho aqui há dois anos. É o lugar por qual passa o povo, onde há uma exposição maior do que em outras feiras, por exemplo”, comenta o artista, que demora quatro dias para fazer cada mandala.
Há quem prefere ir para a Boca Maldita para protestar ou chamar a atenção das pessoas sobre um determinado assunto. E é exatamente isto que faz o grupo Onca, que prega a liberdade dos animais e a adoção do veganismo. “Estamos vindo uma vez por mês, mas no ano que vem devemos vir todos os sábados. Aqui fazemos um trabalho de conscientização por meio das imagens de maus tratos aos animais. Trazemos a realidade. É difícil ir embora e não conseguir parar alguém que dita que vai mudar”, revela Edílson Takano Filho, que faz parte do movimento. Contrastes da nossa querida Boca Maldita.