Uma blitz educativa pelos bares e restaurantes da Regional Matriz chamou a atenção dos curitibanos, na noite de sexta-feira (23), para a proximidade da vigência da lei municipal 13.254, também conhecida como Lei Antifumo – a lei proibirá o uso de qualquer produto fumígero em todo ambiente fechado e de uso coletivo dentro da cidade a partir de 19 de novembro.
Durante toda a noite e até as 2h da madrugada deste sábado, seis duplas de fiscais percorreram 130 estabelecimentos dos bairros Centro e Batel para conversar com proprietários e gerentes, distribuir material informativo para os frequentadores e medir a concentração de fumaça nos pulmões dos garçons. Mesmo que sejam não-fumantes diretos, esses trabalhadores são os maiores prejudicados pela exposição diária e prolongada aos resíduos dos cigarros dos clientes. “Estamos fazendo isso porque o respeito à lei dependerá da fiscalização e, o que é muito importante, da colaboração das pessoas”, disse o diretor do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde, Sezifredo Paz.
Com apenas 22 anos e três de trabalho como garçom, o não-fumante Alysson Gonçalves Cordeiro da Luz, do Bar do Alemão, no Largo da Ordem, ficou assustado. Um dos milhares de beneficiados com a vigência da lei, ele se submeteu ao teste do monoxímetro e soube pelo coordenador do Programa de Controle do Tabagismo de Curitiba, médico João Alberto Lopes Rodrigues, que tem 6 ppm (partículas por milhão) de monóxido de carbono no organismo. Pode, por isso, ser comparado a quem fuma pouco. É que o produto da expiração de Alysson fez acender a luz amarela do equipamento, que indica aquela condição. “Eu fumo por tabela e isso me deixa preocupado porque sou ainda muito novo”, disse.
Por isso, na opinião do gerente do bar, Vilson Luiz Panini, a lei vem em boa hora. “Não se deve mesmo poluir o ar limpo dos outros. Será muito bom principalmente para quem trabalha”, disse o administrador, que não acredita na possibilidade de vir a ter problemas com clientes ou mesmo prejuízos em função das novas regras. “Vamos ter de nos adaptar a essa lei maravilhosa”, resumiu.
A administradora hospitalar Solange Américo e o analista de banco de dados Willyan Dalmeida freqüentam o bar e concordam com Panini. “É a melhor coisa que fizeram porque, além de matar muita gente, o fumo prejudica quem não fuma e se obriga a conviver com ele”, disse Dalmeida. Já Solange, para quem Curitiba ?já estava até demorando” a ter a sua lei, a exemplo de São Paulo, é importante informar o máximo possível a população. ?Como faço para conseguir mais destes”, perguntou ao diretor do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde, Sezifredo Paz.
Apesar de não concodar com o espírito da lei, que considera restitiva de direitos, profissional de marketing Laerte Ferraz garante que vai acatar a lei. “Apenas não vou mais freqüentar locais como esses, fechados, porque gosto de fumar”, disse Ferraz.
Além de proibir o fumo em ambientes fechados e de uso coletivo, a lei 13.254 extingue os chamados fumódromos e prevê multa para os infratores. Serão R$ 1 mil no primeiro flagrante e o dobro, se houver reincidência. Em caso de uma terceira infração, o estabelecimento terá sua licença sanitária cassada e, em função disso, não poderá funcionar mais. A norma está valendo em todo os prédios da Prefeitura desde 5 de outubro.