Pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) assinam hoje um acordo de cooperação técnica com o governo do Estado para pesquisas envolvendo as matérias-primas do biodiesel e seus subprodutos. O objetivo do estudo, que unirá as áreas de Agronomia e Zootecnia, é aperfeiçoar geneticamente as oleaginosas utilizadas para produção do biocombustível e disseminar o aproveitamento dos resíduos para fabricação de ração. Com isso, esperam os pesquisadores, o pequeno produtor deve ganhar informações que viabilizem a dupla utilização das oleaginosas e economizar, produzindo seu próprio combustível e ração para o rebanho.
O acordo será viabilizado pela Secretaria de Estado da Agricultura em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Para isso, será repassado à UEL uma miniprensa de oleaginosas, que ficará no campus da universidade. O equipamento piloto, semi-industrial, funcionará em caráter de pesquisa. "Os professores da Agronomia já vêm desenvolvendo trabalhos nessa área, determinando os grãos mais ricos em óleo, a estrutura para produzi-los e o melhoramento genético", explica o vice-diretor do Centro de Ciências Agrárias da UEL, professor Caio da Silva.
No entanto, o aproveitamento das sobras do esmagamento das sementes de girassol, mamona e nabo forrageiro – algumas das mais utilizadas na fabricação do biocombustível – para alimentação animal, segundo o professor, é ainda pouco conhecido, apesar de ser alternativa que tem se mostrado bastante eficiente nas pesquisas desenvolvidas pelo departamento de zootecnia da UEL. "Já testamos e os resultados foram positivos." Com o novo acordo, será possível ir mais a fundo nesse estudo e oferecer uma alternativa de economia ao pequeno produtor. "O biodiesel é combustível com tecnologia consolidada de obtenção, mas queremos ampliar esse topo de informação para o âmbito local, otimizando custo e benefício, de forma que os produtores se tornem independentes para a fabricação do seu combustível. Paralelo a isso, a sobra do esmagamento também se identifica com a realidade do pequeno produtor, que atualmente tem de recorrer a outros ingredientes para alimentação animal a preço de commodities e, portanto, bem mais caros", afirma Caio da Silva.
Mesmo com esse foco, o pesquisador ressalta que os resultados também poderão ser aplicados em grandes empresas para otimizar a obtenção de biocombustível. "Pretendemos divulgá-los em projetos de extensão, palestras e reuniões técnicas com produtores", adianta. O professor estima que dentro de um ano, no máximo, será possível ter um retrato da viabilidade econômica do estudo para adaptação no campo.