O programa de Biodiversidade Urbana, o Biocidade, lançado oficialmente ontem pela Prefeitura de Curitiba durante o evento Cidades e Biodiversidade: alcançando as metas de 2010, deve incentivar a população a conhecer as espécies vegetais nativas da capital e região metropolitana para ajudar a preservá-las. Na ocasião, uma estufa de pesquisa e um jardim demonstrativo foram inaugurados para estudo das espécies nativas e para mostrar à população pelo menos 80 delas. A Prefeitura também formalizou um convênio com a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) para estimular proprietários de áreas nativas à preservação das mesmas.
O objetivo do programa é reduzir as perdas de biodiversidade no ambiente urbano e adequar o desenvolvimento da cidade à conservação do meio ambiente. Para isso, o pontapé inicial foi dado com a apresentação, aberta ao público, das espécies que fazem parte do ecossistema regional. ?Na estufa, poderemos aplicar as pesquisas desenvolvidas pelo museu botânico com espécies nativas para que a população possa ter acesso às plantas?, explica o secretário municipal do Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto.
Aliado a isso, o jardim demonstrativo deve comprovar o potencial ornamental da vegetação regional e incentivar ao cultivo das mesmas. Das 80 espécies, pelo menos duas correm risco de extinção. ?Poderemos evitar que elas continuem diminuindo e permitir que o homem as estude para descobrir, quem sabe, uma serventia além da ornamentação.?
Desafio
No entanto, esse fomento ainda deve enfrentar o desafio comercial. O que para o diretor-executivo da SPVS, Clóvis Borges, não deve ser difícil a partir do momento em que o mercado perceba as belezas naturais da flora nativa. ?É um procedimento didático que pode estimular inclusive o comércio e dar bons resultados a longo prazo. Na Europa, por exemplo, existe um movimento de incentivar as pessoas a criar paisagismo com plantas nativas?, cita.
Mais significativo que isso, porém, é a criação dos chamados condomínios da biodiversidade possibilitados através de convênio firmado entre a ONG e a Prefeitura. ?Percebemos que existem proprietários de áreas nativas, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba, que querem protegê-las, mas não sabem como. Para eles, proporcionaremos informações estratégicas sobre que tipo de área natural possuem (banhado, campos ou florestas com araucárias), que espécies devem ou não devem usar e como devem cercar ou cuidar da área?, explica.
Dessa forma, estima, será possível dar um passo para mudar o conceito de metro quadrado de área verde por habitante, que contabiliza vegetações nem sempre nativas e que, portanto, não contribuem realmente para o meio ambiente. ?Em Curitiba, com o pouco que sobrou, cada metro de área nativa por habitante é que tem valor inestimável?, afirmou Clóvis.