Bicicletas dividem espaço com motoboys

Os serviços rápidos e de entrega não são feitos apenas por motoboys. A nova mania dos empresários e comerciantes é utilizar o sistema de “cicloboys”, os entregadores de bicicleta. A preferência se deve ao custo reduzido, pois não é preciso gastar com combustível e manutenção, o que representa um corte de 50% no preço do serviço. Além disso, existe a vantagem de não poluir o meio ambiente. Mas, assim como os motoqueiros, os cicloboys não possuem uma relação amigável com os motoristas, no trânsito.

O movimento de carros nas ruas atrapalha a entrega, já que as bicicletas precisam trafegar perto do meio-fio, seguindo o sentido do tráfego, e nunca pelas calçadas. “As bicicletas não são respeitadas. Alguns motoristas quase passam por cima da gente. Acontece muito xingamento”, conta o entregador Claudiney Pistor.

O cicloboy Moisés dos Santos Lima destaca outro problema no trânsito: as saídas das garagens, principalmente nos locais com ciclovia. “Os motoristas não olham antes de sair com tudo da garagem, mesmo sabendo que por ali passam pedestres e bicicletas. Por muitas vezes eu bati na lateral dos carros ou levei algum retrovisor. Mas eles reconheceram que estavam errados”, afirma. Ele conta que, no percurso com ciclovia, são poucas as garagens que possuem giroflex ou sistema de emissão de som quando o portão abre. “Os motoristas também não saem buzinando, o que poderia alertar o pedestre ou ciclista. Somente alguns fazem isso. É um pequeno detalhe, mas que pode evitar acidentes”, observa Lima.

Enquanto tentam viver pacificamente no trânsito, os cicloboys também precisam lidar com a distância a ser percorrida. Na empresa Aro Serviços, especializada neste tipo de transporte, os entregadores trabalham por setores da cidade, andando 30 quilômetros por dia, em média. Isso ainda é somado ao peso do material a ser entregue (60 quilos, em média, sem contar a bicicleta).

Para agüentar até o final do dia, portanto, o cicloboy precisa ter bom preparo físico: “Nas primeiras semanas, quase morri, ainda mais encarando muitas subidas e descidas por onde faço entrega, no bairro do Água Verde. Mas depois que se acostuma, tudo bem. É ótimo porque fazemos exercícios físicos, o que ajuda na nossa saúde e também no próprio trabalho”, explica Lima.

Outro problema da profissão é o clima. Se está frio, os cicloboys quase congelam. Se está chovendo, às vezes não é possível fazer a entrega. “No inverno, quase toda semana tem um entregador resfriado”, conclui Moisés Lima.

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