Pelo menos 5.200 livros não foram devolvidos à Biblioteca Pública do Paraná, no centro de Curitiba, nos últimos quatro anos. O levantamento é da administração da biblioteca, que voltou a enviar correspondências a usuários que emprestaram livros no período de 98 a 2001 e ainda não os devolveram. Considerando que o valor aproximado de cada obra é R$ 25,00, o prejuízo ultrapassa R$ 125 mil. “Não importa que o empréstimo tenha sido feito anos atrás. Nosso apelo é que os livros sejam devolvidos. A multa é alta, mas negociável”, afirma a chefe da Divisão de Obras Gerais, Sizuko Takemiya.
Ela conta que desde que a campanha teve início, várias pessoas procuraram a biblioteca. “A multa de alguns costuma ultrapassar a R$ 200,00, mas fazemos acordos, aceitamos doações de livros”, explica. A multa diária de atraso é R$ 0,20. A biblioteca arrecada cerca de R$ 200 por dia em multas – cerca de R$ 5 mil por mês.
Segundo levantamento, no ano passado 1.071 livros não foram devolvidos. Em 2000, foram 1.913; 924 em 1999 e 1.340 em 98. “Duas vezes por mês enviamos correspondências para quem estiver atrasado. O problema é que muitos se mudaram ou informaram o endereço errado”, conta Sizuko, ressaltando a importância do comprovante de residência. “Alguns reclamam quando a gente pede o comprovante, mas é necessário. É a única maneira, além do número de telefone, que temos para localizar o usuário”, explica.
Em comparação com o número de empréstimos, as não-devoluções não são tão grandes. No mês de agosto, por exemplo, a Biblioteca Pública registrou 42.343 empréstimos e 379 atrasos. No período, foram enviadas 341 correspondências. “Menos de 1% não devolve”, calcula Sizuko.
Entre as obras mais visadas, estão os best-sellers. É o caso de O Mundo de Sofia, do escritor Jostein Gaarder, que teve um livro não devolvido em 97, dois em 2000, um em 2001 e um quinto este ano. “São os livros que têm mais procura os que mais somem”, confirma Sizuko. Obras raras de coleções não são emprestadas – a consulta tem que ser feita na própria biblioteca. Quanto ao perfil daqueles que não devolvem livros, a maioria é estudante, revela a chefe da Divisão de Obras Gerais.
A Biblioteca Pública empresta, por dia, média de 1,8 mil livros. São mais de 400 mil volumes à disposição. “O livro é considerado um patrimônio público. Quem leva para casa e não devolve está lesando o patrimônio”, lastima Sizuko.