Bênção dos carros mobiliza motoristas da capital

O dia de ontem foi de muito trabalho para os frades capuchinhos, em Curitiba. Das 6h às 21h, trinta frades se revezaram para dar conta de atender os 30 mil motoristas que procuraram a Igreja Nossa Senhora das Mercês, pedindo a bênção para os carros. Os fiéis acreditam que o ritual vai ajudá-los a ter um bom ano, sem problemas nas estradas. 

Antes ir para o trabalho, o taxista Alfredo Andrade aproveitou para passar pela igreja e pedir a bênção para ele e para o seu carro. Desde que começou na profissão, há dois anos, tem passado a maior parte do dia no trânsito e acha que com a proteção terá menos problemas. ?Ajuda a evitar acidentes. A vida fica mais segura?, avalia.

Para outras pessoas, pedir a bênção todo início de ano já virou tradição. Há 15 anos, Hamilton Nicco procura passar a primeira sexta-feira do ano em Curitiba, para participar do ritual. Ele explica que viaja muito e acha que a proteção ajuda porque as estradas andam muito perigosas. ?Ajuda a gente a se proteger?, fala.

Andréa Menezes conta que há mais de 10 anos vai até a igreja e diz que é motivada pela fé. ?Me sinto segura?, justifica. No entanto, ela tem consciência de que só a bênção não adianta. ?Tem que ter cuidado no volante. Precisamos ser bons motoristas?, comenta.

É justamente esse o conselho que o frei Alvadi Marmentini dá para a população. ?Não se pode apenas contar com a proteção divina se o motorista não respeita as leis de trânsito, bebe ou corre muito. É necessário sabedoria ao volante?, fala. No entanto, o frades também afirma que a bênção tem muita força. Ela ajuda as pessoas a se programarem positivamente para passar o resto do ano em harmonia. O estresse do dia-a-dia e a falta de tempo para a reflexão e o diálogo com Deus prejudicam não só a direção como todos os aspectos da vida.

Tradição

A tradição da bênção dos carros começou há mais de 50 anos com caminhoneiros que transportavam madeira. Como eram muito supersticiosos e achavam que a sexta-feira era um dia de azar, começaram a procurar a igreja sempre na primeira sexta-feira de cada ano. Aos poucos, outras pessoas aderiram ao costume e tinha gente que levava até alimentos. O ritual resistiu ao tempo e hoje muitos curitibanos não deixam a data passar em branco.

Para que os motoristas não fiquem muito tempo esperando e o trânsito não fique complicado na região, os frades começaram, há três anos, a realizar a bênção também nas ruas laterais da igreja. Antes acontecia apenas na Avenida Manoel Ribas e agora passou para a Alcides Munhoz e Júlio Perneta. Além disso, toda a água utilizada é benzida no dia anterior, garantindo que o ritual não seja interrompido. ?Fazemos uma celebração especial?, explica o frei Alvadi.

Missas

O dia de ontem também foi de muita oração. Ao todo, oito missas foram realizadas e vários frades atendiam a confissão. Teve gente que também aproveitou para levar água benta para casa. O voluntário Dirceu Ristow, calcula que foram vendidas cerca de 10 mil garrafas. Duas delas foram levadas por Leonilde Lass, 71 anos. ?Sempre tenho água benta em casa. Protege em dias de temporal?, conta. Quem não teve tempo de ir ontem até a igreja não precisa se preocupar. O frei Alvadi fala que os frades estão disponíveis durante todo o ano.  

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