Há exatos 22 anos nascia a paranaense Ana Paula Caldeira, o primeiro bebê de proveta do Brasil. Junto com ela, a ciência dava um de seus primeiros passos na evolução da fertilização in vitro, hoje meio eficiente de oferecer aos casais com dificuldade de ter filhos a possibilidade de gerá-los com menos riscos e impedindo até mesmo doenças hereditárias. A pesquisa com células-tronco e os meios de evitar gestações múltiplas são, atualmente, os últimos avanços nessa técnica, que tem sido cada vez mais utilizada por médicos de todo o mundo.
Muita coisa mudou desde que a garota nascida em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, veio ao mundo. Na década de 90, o uso da proveta foi ampliado à mulheres com problemas ovulatórios e homens com produção insuficiente de espermatozóides – até então, a técnica era aplicável apenas àquelas que tinham problemas de obstrução nas trompas. Quase no ano 2000, a possibilidade de diagnosticar problemas genéticos antes da implantação do embrião no útero garantiu bebês livres de síndrome de Down, fibrose cística, distrofia muscular e hemofilia antes mesmo de serem concebidos.
Depois disso, começaram as pesquisas com células-tronco, hoje grande esperança para cura de uma série de doenças. No campo da fertilização in vitro, os médicos encontraram grandes expectativas nessa área. ?No quinto dia de desenvolvimento no laboratório, o embrião tem número muito grande de células-tronco com boa capacidade de diferenciação?, explica a médica especialista em Reprodução Humana Silvana Chedid, que enumera ainda outra aplicação eficiente da famosa proveta: a preservação da fertilidade em mulheres e homens que tenham de passar por quimio ou radioterapia por conta do câncer. ?Podem ter fragmentos de seus ovários ou testículos congelados para preservar a fertilidade?, explica.
A Ilza Caldeira, mãe da hoje nutricionista Ana Paula, resta se surpreender com a evolução da técnica que deu a ela possibilidade de ser pioneira entre muitas. ?Me ligavam mulheres do Brasil inteiro que não podiam ter filhos e que viram na Ana a esperança. Fico muito feliz em ver que hoje existem tantos bebês nascidos quando antes o índice de sucesso era tão pequeno.?
