Segurança zero

Bandidos assustam moradores do Boqueirão

Não é difícil encontrar um relato de insegurança entre os moradores e comerciantes do Boqueirão. Pelo menos três pontos do bairro são apontados como mais vulneráveis e espalham ocorrências policiais pela região, como as vilas Meia Lua, Rocinha e Barracão. Além disso, a situação se agrava com a migração da violência, cometida especialmente por pessoas que fugiram da polícia durante a instalação das Unidades Paraná Seguro (UPS) em outros bairros da capital.

Na região da Rua Desembargador Antônio de Paula não é diferente. São diversas histórias de pessoas que passaram por situações de violência ao mesmo tempo em que também acompanham casos semelhantes próximos às suas casas ou locais de trabalho. A área tem fácil acesso a outros bairros, tornando-se assim uma rota de fuga escolhida por assaltantes. Quem vive na região se protege como pode. Compram cachorros, instalam alarmes e até optam pelo uso de grades, o que nem sempre evita mais uma ocorrência.

“A gente se sente seguro até acontecer alguma coisa. Depois passa a ter mais medo”, diz a dona de um supermercado da região, Eliete Rodrigues Sanita. Seu negócio foi assaltado há uma semana, logo após o fim do expediente. Há 18 anos no ramo e depois de trabalhar em áreas que considerava mais violentas, ela não esperava ser abordada por assaltantes em apenas dois meses no bairro. “Os vizinhos alertaram e agora estou cuidando mais”, diz.

O motorista Boldan Zolkiewciz mora no local desde 1974 e conhece quase todas as histórias sofridas pelos vizinhos. Sua sugestão é o policiamento ostensivo pelo bairro. “Uma viatura aqui já era o suficiente”, opina. Mas para um comerciante da região que já foi assaltado várias vezes e não quis se identificar, falta continuidade nos projetos. “Está tudo muito desacreditado. Se começar a passar uma viatura aqui, uma semana depois já para tudo”, reclama.

Falta mobilização

Para o presidente do Conselho de Segurança Comunitária (Conseg) do Boqueirão, Vilmar Soares Constantino, apesar dos problemas com a insegurança no bairro, a população deixa a desejar quando o assunto é mobilização. Ele está à frente do conselho há 10 meses e neste tempo conseguiu reunir no máximo 40 moradores. “Temos uma população de 73 mil habitantes, é muito pouco”, lamenta. Ele ressalta que os cuidados pelos moradores podem reduzir significativamente as ocorrências, o que é repassado nas reuniões do conselho.

A baixa frequência da população nos encontros para discutir a segurança do bairro também prejudica a realização do projeto Vizinho Solidário, que acontece em apenas duas ruas da região e estimula o cuidado mútuo entre os moradores. “A população tem que se unir, a ação coletiva é melhor. Como está, não temos força pra reivindicar, não temos respaldo para nada”, alerta.

Marco André Lima
Vilmar: pouca participação.
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